O filósofo Platão descrevia o ser humano como uma dualidade de corpo e alma, sendo esta última imortal. Segundo ele a elevação espiritual ao mundo das ideias nos faria alcançar a felicidade. Contudo, esta proposição não parece ser fácil. Desde então inúmeros pensadores buscam desvendar os enigmas que envolvem a mente.
Ela, a mente, se usada corretamente é um instrumento valioso. Entretanto, se usada incorretamente, se torna muito destrutiva. Na verdade, é a mente que geralmente nos usa, mas pensamos o contrário, que a usamos. Esta ilusão tomou conta de nós e a partir disso surgiu uma diversidade de patologias psíquicas que a ciência ainda não consegue explicar.
Alguns falam em “parar a mente” outros em “controlar a mente”. Mas como conseguir parar ou controlar algo que parece ser uma coisa só, presa em nosso íntimo? Como controlar nossas emoções, ser feliz ou sereno em todos os momentos?
Para elucidar este mistério devemos diferenciar o conceito de mente e de cérebro, são coisas distintas. Mente é a parte incorpórea, o espírito. Cérebro a parte corpórea. A conexão entre estas duas partes ocorre instantaneamente dentro do indivíduo, embora estejam separadas.
O cérebro é acionado por nossos sentidos. Deslocamo-nos e agimos com autocontrole, conforme nossas aptidões corpóreas. Nossos pensamentos podem estar condicionados ao corpo ou estarem livres, quando acionados pelo espírito.
Explicando melhor: pensar com o corpo ou o cérebro está vinculado ao nosso arquivo pessoal, formado por nossas experiências. Portanto ele é limitado, findo e material, visto ter origem na vivência corporal. Já pensar com o espírito é ilimitado, pois não há impedimentos físicos que atrapalhem a comunicação com tudo e todos que estão à nossa volta. Exemplificando: quando nos é formulada uma pergunta, buscamos a resposta no registo das experiências. A questão surge quando não encontramos a resposta, neste exato momento paramos de pensar com o corpo e utilizamos a reflexão para acionar o pensamento do espírito em busca desta resposta. Assim, a reflexão é o espírito agindo. Fato que proporciona a evolução dos seres e a não estagnação do progresso das ideias.
Contudo, se por um lado “expandimos” nossa mente ao refletir espiritualmente, por assim dizer, este fato nos deixa vulnerável a uma infinidade de informações que se não forem organizadas e catalogadas, geram ansiedade.
Então, as preocupações começam a fazer parte da nossa vida, pois o cérebro não consegue assimilar o certo do errado e qual o melhor caminho a seguir. Desta forma, os dias tornam-se infindáveis e deixamos de viver o presente. Jogamos o pensamento para o futuro que ainda não chegou fisicamente, mas está presente mais do que nunca em nosso imaginário. Forma-se assim uma guerra entre a mente e o cérebro, melhor dizendo, entre o espírito e o corpo. Mas então como resolver esta contrariedade?
Compreendamos que dominar a mente é dominar o espírito, sua vida é aqui e agora, isso é autocontrole. Uma vez que estamos no mundo físico, dê mais atenção ao corpo, mantenha-o ocupado, por consequência irá fortalecê-lo e sua mente irá se aquietar. Apenas liberte o pensamento quando desejar refletir, neste caso usando o espírito.
Portanto, viva o presente. De outra forma sua vida será um martírio de suposições que na maioria das vezes não acontecem. Enfim, não pense que viemos a este mundo a passeio. Aceite as adversidades como provações evolutivas, não esquecendo que tudo passa e no final da jornada Nosso Senhor Jesus Cristo estará de braços abertos para nos consolar.
Escrito por Mauro Falcão, em 09.03.2022 para o Portal Leouve e Tábuas da Verdade.