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Funcionária da Ctec depõe na CPI das Finanças

Funcionária da Ctec depõe na CPI das Finanças

Funcionária da Ctec, a técnica de informática cuida de todos os sistemas da secretaria de Finanças de Bento Gonçalves

 

""Por volta das 8h30min desta quarta-feira, 5, a funcionária da Coordenadoria de Tecnologia de Informação e Comunicação (Ctec), a técnica de Informática Rafaela Santin, iniciou seu depoimento na CPI das Finanças, realizada junto a Câmara de Vereadores de Bento Gonçalves.

 

A reportagem do Grupo RSCOM esteve acompanhando o depoimento de Rafaela. Confira alguns trechos:

 

Rafaela afirmou que foi procurada por uma funcionária da secretaria da Saúde que teria informado sobre as possíveis fraudes.

 

Esta informação teria sido passada para Rafaela ainda em agosto. Depois, Rafaela afirma que informou a diretora do Ctec, a então secretária de Educação, Rita de Cássia.

 

Rafaela disse que foi aberta uma auditoria na Ctec, sendo necessário o apoio da empresa Delta.

 

Ela afirma que apareceram empresas que haviam sido citadas na primeira denúncia, além de pessoas físicas.

 

Após o levantamento inicial, foi realizado estudo de documentos e o documento foi entregue para o secretário Olívio, que levou a denúncia para a delagacia.

 

Rafaela afirma que alguma outra pessoa possa ter utilizado as senhas de outras pessoas para realizar as movimentações.

 

Segundo a servidora, cada usuário possui uma senha particular e ninguém tem acesso às senhas.

 

Rafaela disse que conheceu Luana Marcon no dia que ela iniciou a trabalhar.

 

Rafaela considera seguro o sistema utilizado pela prefeitura, e diz que o sistema atual é mais seguro do que o anterior, pois possibilitou comprovar as irregularidades realizadas.

 

Rafaela afirma que foi ela quem gerou os relatórios entregues pela Ctec à CPI e que estes dados são confiáveis.

 

Rafaela diz que as pessoas estavam brincando de serem contadores e que passavam muita segurança no que faziam.

– Eram manipuladores pela segurança que transmitiam – disse.

 

No princípio, quando foi instaurada a auditoria, chamou a atenção a descrição dos produutos, que seriam aquisição de peças para máquinas pesadas. Inclusive o INSS vendendo peças para a prefeitura, além da Famurs e até funcionários da secretaria de Finanças.

 

Rafaela diz que os relatórios elaborados por ela demonstram todos os empenhos incluídos, alterados e excluídos, inclusive alguns empenhos tiveram liquidações, não pagamentos, necessariamente. Em outro relatório há todos os empenhos incluídos com a hora, o valor, a data de emissão, a data de liquidação e um texto com descrição do objeto do empenho.

 – São coisas estranhas, que não tem como dizer que alguém tenha desconfiado – disse.

 

Rafaela mostra que muitas empresas, como papelarias, empresas de medicamentos, vendiam peças para a secretaria de Obras. E, por isso, ela diz que é difícil de acreditar que ninguém tinha visto isso antes.

 

Rafaela afirma que nestes casos que constam de seu relatório, muitos têm as contas liquidadas, mas ela não sabe afirmar se houve pagamento e débito nas contas dos possíveis favorecidos, já que no seu levantamento possui comprovação sobre as liquidações dos processos.

 

Rafaela diz que os e-mails que estão nos relatórios da Ctec e que foram enviados para a CPI seriam verdadeiros.

 

Rafaela afirma que foram detectadas irregularidades desde dezembro de 2011.

 

Ela diz que, no início do ano, quem fazia a liquidação dos empenhos e o pagamento das notas poderia ter desconfiado e percebido que as operações seriam estranhas e que não fechavam.

 

Rafaela diz que as profissionais já ouvidas pela CPI, além de outras, poderiam ter percebido o esquema que estaria ocorrendo.

 

A depoente disse que, pelo que foi levantado, não deve passar de R$ 450 mil o montante dos desvios, mas que o TCE poderá identificar mais irregularidades.

 

O excesso de confiança voltou à tona nos depoimentos. Rafaela diz que Olívio pode ter pecado por confiar demais e que, na sua auditoria, não há nenhuma ligação do prefeito Roberto Lunelli e do ex-secretário Olívio.

 

Rafaela mandou um e-mail para a CPI dizendo que as pessoas têm medo e que não falaram toda a verdade.

– Falta a metade, pois muitas pessoas sabem mais do que dizem por causa do convívio – declarou.

 

Rafaela diz que, se não fosse o auxílio da empresa Delta, o esquema não teria sido descoberto, já que há um sistema de auditoria que funciona junto com o sistema.

 – Pra mim, até agora, a Delta é confiável – completou.

 

Rafaela diz que já deveria ter sido feito uma quebra de sigilo bancário e telefônio das pessoas que constam do relatório da Ctec.

 

A depoente diz que Rita de Cássia a auxiliou na confecção dos relatórios da Ctec.

 

No dia 20 de agosto, o ex-secretário Olívio teria solicitado, por meio de ofício, a realização de auditora no Ctec.

 

Rafaela diz que houve um desespero na prefeitura em busca de contadores e que ninguém aceitaria a proposta.

 – Pelo que eu sei, foi  Luana que se ofereceu para vir trabalhar aqui – disse.

 

Rafaela explicou que a Ctec não tem um relatório mensal e que só foram gerados os relatórios a partir das denúncias e do pedido de auditoria.

– A parte de contabilidade nunca foi responsabilidade da Ctec – disse.

 

Em janeiro, Luana teria pedido para que a Delta bloqueasse o sistema para que fosse utilizado apenas pela secretaria de Finanças.

– Foram bloqueados os usuários – explicou.

 

A partir do momento que o sistema foi bloqueado, gerou uma confusão.

– Achei uma falta de educação terem feito o bloqueio, sem sequer nos avisar, pois quem iria cuidar do sistema depois seria a Ctec – disse.

 

Rafaela diz que Luana teria afirmado que o bloqueio teria sido ordem do ex-secretário Olívio e do prefeito Lunelli.

 

A depoente disse que é importante que seja realizada perícia técnica para avaliar todos os e-mails e também nos relatórios da Ctec.

 

 – Não tinha possibilidade de não ser descoberto o que estava acontecendo – finalizou.

 

Rafaela diz que agora existe uma pessoa responsável pelo sistema na secretaria de Finanças, mas que antes era a Luana quem era responsável. Agora, só quem tem acesso é a procuradora Simone.

 

Segundo Rafaela, fica claro que, no momento dos pagamentos, poderá ter havido descuido na hora de conferir os empenhos e as notas, ou má fé.

 

Rafaela afirma que haviam três notas comprovando pagamento para uma das empresas possivelmente envolvidas no esquema e que a assinatura do secretário de Obras parecia diferente de outras assinaturas.