Bento Gonçalves

Secretária do Governo Estadual visita Bento Gonçalves para debater sobre casos de maus-tratos aos animais na cidade

Regina Becker compareceu à sede do Grupo RSCOM na tarde da última quinta-feira (24)

Imagem: Günther Schöler/Grupo RSCOM
Imagem: Günther Schöler/Grupo RSCOM

O caso dos gatos que foram retirados de uma residência, postos em sacos plásticos e depois em um porta-malas, ganha cada vez mais repercussão no Rio Grande do Sul. A crueldade feita aos animais foi o motivo da visita da secretária de Igualdade, Cidadania, Direitos Humanos e Assistência Social do Governo do estado, Regina Becker, a Bento Gonçalves na última quinta-feira (24).

A secretária esteve na casa do proprietário dos gatos e pôde ouvir os relatos diretamente da vítima. Após a exposição dos fatos, Regina esteve na sede do Grupo RSCOM para falar sobre a situação. “O que eu concluí é que é preciso que haja uma intervenção da sociedade como um todo, não só o poder público, em casos como esse que a gente vivenciou e tomou conhecimento aqui em Bento Gonçalves. A retirada desses animais se deu de uma forma totalmente arbitrária. O lar é um ambiente inviolável, diz a lei. Então, mesmo que o proprietário do imóvel tenha o direito sobre aquela propriedade, ele tem a posse dela, mas ele não tem o direito de entrar num ambiente da forma como ele entrou e executou uma ação em nome de alguma denúncia que tenha sido feita para ele. Isso é ilegal e o poder público deveria ter, no mínimo, uma ingerência sobre esta ação de retirar animais, colocar em sacos plásticos e jogar os animais dentro de um porta-malas de um carro, inclusive um dos gatos idoso, cego, sem hoje apontar o local onde eles foram parar ou onde eles foram descartados causa muita indignação”, destacou a secretária.

Ocorre que, na última terça-feira (22), a prefeitura de Bento Gonçalves, através do Diário Oficial, via Decreto nº 11307/2022, confirmou a exoneração do secretário de Meio Ambiente da cidade. Claudiomiro Dias deixa a gestão municipal após diversas polêmicas envolvendo a pasta surgirem nas últimas semanas. A possibilidade de sua saída já era especulada desde que o caso do desaparecimento de nove gatos foi exposto no Portal Leouve.

Nesse sentido, Becker expressou as intenções da ação tomada. “Se o prefeito Diogo exonerou o titular da pasta, ele parte do princípio de que o gestor é o responsável pela ação do subordinado. Isso não significa, e volto a afirmar, que o titular da pasta tenha conhecimento de todas as ações normalmente feitas pelos subordinados. Mas não há, no ponto de vista do trâmite político, como manter um secretário da pasta que é responsável pelas ações da sua secretaria num cargo, porque é ele que responde pelas ações de seus subordinados. Infelizmente, Bento Gonçalves para mim é um caso bem complicado. Várias vezes eu já estive no município com o prefeito anterior e nós nunca conseguimos evoluir efetivamente nas políticas públicas em relação aos animais domésticos e animais domesticados aqui em Bento”, afirmou.

Nesse sentido, quando perguntada sobre a possibilidade da criação de um canil na cidade, a secretária se mostrou totalmente contra a ideia. “Quem trabalha e quem atua na causa animal há tantos anos como eu e muitos protetores não pode coadunar com a possibilidade de um gatil e canil público. Esses espaços acabam sendo locais de abandono e causam um gasto enorme para o poder público, além de que eles não resolvem a situação. Canis e gatis públicos são locais de disputa interna, de tristeza, de abandono e de solidão. […] Nós não podemos pactuar com a ideia de um município como Bento Gonçalves construir um canil e gatil público. O que nós reafirmamos é a necessidade de ter um local de passagem e um local onde os animais possam ser atendidos, aonde tenham atendimento digno e profissional, contando com o apoio da rede de proteção local para fazer os encaminhamentos no sentido de adoção”, revelou.

Já com relação às ameaças de morte sofridas por uma das voluntárias da causa animal na cidade, Regina Becker disse ter tomado conhecimento dos fatos. “A gente tenta sempre fazer esse trabalho de conscientização paralelo e mostrando, por parte da Polícia Civil e da Brigada Militar, que é onde existe foco de atuação de maus-tratos e crimes cometidos contra animais. Há, sim, pessoas potencialmente criminosas que são pessoas impiedosas, inescrupulosas e que se cometem atrocidades e maldades contra animais elas podem cometer contra pessoas. […] Isso mostra que existem pessoas com um perfil de agressividade dispostas a cometer atrocidades e vingança contra aqueles que denunciam crimes aos animais, ou seja, não aceitam o fato de um segmento da sociedade que somos nós, protetores, reivindicarmos atitudes concretas dos órgãos de polícia e dos órgãos jurisdicionais no sentido de punir aqueles que cometem crimes contra a natureza”, finalizou.