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Banco Central eleva os juros, e Selic vai a dois dígitos pela 1ª vez em cinco anos

Copom promove a oitava alta seguida e sobe a taxa básica para 10,75%, o maior patamar desde 2017; autarquia sinaliza desaceleração na escalada no próximo encontro

Foto: Banco Central
Foto: Banco Central

O novo ciclo de alta dos juros ocorre em meio ao avanço da inflação em escala global e aos esforços em trazer a variação para a meta em 2022 e 2023, anos considerados como o horizonte relevante do BC. Em 2021, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o indicador oficial da inflação doméstica, encerrou com alta de 10,06%, muito acima da meta de 3,75% e quase o dobro do limite de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. A alta da inflação contaminou as expectativas para 2022. O mercado passou a previsão para a inflação em 2022 para 5,38%, ante 5,15% na semana passada. A revisão afasta o patamar da meta de 3,5% perseguida pelo BC, com variação entre 2% e 5%. Para 2023, a pesquisa do BC apontou para alta de 3,5%, contra a expectativa de 3,4% da semana passada. No ano que vem, a autoridade monetária deve perseguir a meta de 3,25%, com limites de 1,75% e 4,75%. A escalada dos preços iniciou em 2020 em reflexo da mudança do eixo de consumo dos serviços para bens forçada pela pandemia da Covid-19. A desorganização das cadeias de produção, a elevação das commodities, a desvalorização do real ante o dólar e a crise hídrica deram impulso para a inflação ao longo do ano passado. O quadro foi agravado pelo aumento da percepção do risco fiscal, principalmente com o apoio de medidas do governo para mudanças no teto de gastos.

O principal remédio para trazer a inflação para baixo também desestimula as atividades ao “aumentar” o preço do dinheiro e desestimulando a tomada de crédito e investimentos. As recentes altas da Selic levaram a taxa para o nível contracionista, ou seja, quando o patamar dos juros prejudica o desenvolvimento da economia. Em dezembro do ano passado, associações do comércio e da indústria alertaram para os efeitos que a escalada da Selic vai ter sobre a retomada das atividades, principalmente na retração do consumo. A alta dos juros em 2021 levou a sucessivos cortes na expectativa para o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano e 2023. Analistas do mercado reduziram a expectativa de alta da economia para 0,3% em 2022. No fim de dezembro, a estimativa era de 0,36%. Já para 2023, a projeção foi cortada para 1,55%, ante 1,8% há quatro semanas.

Fonte: Banco Central