Bento Gonçalves

Associação Ativista Ecológica denuncia obras para abertura de ruas em Bento Gonçalves

Imagem: Günther Schïoler/Grupo RSCOM
Imagem: Günther Schïoler/Grupo RSCOM

Nos últimos dias, a Associação Ativista Ecológica (AAECO) efetivou denúncias referentes as obras da prefeitura de Bento Gonçalves para abertura de uma rua no bairro Universitário. Os trabalhos em questão buscam fazer a união entre as ruas Amândio Dalcin e Paulo Pasquetti e, segundo a prefeitura, “era um pedido antigo dos moradores. Após a conclusão, vai ser realizada uma licitação para a pavimentação basáltica e passeio público.” Entretanto, a AAECO demonstra discordância em relação a forma que os trabalhos estão sendo conduzidos e em parte do que está sendo projetado.

De fato, a construção da rua é um pedido de quase 40 anos dos moradores, conforme os próprios relataram à reportagem do Leouve. Ocorre que, de acordo com Gilnei Rigotto, secretário-geral da AAECO, o poder público municipal, ao realizar tal obra, iniciou os trabalhos de uma segunda via que “não precisaria ser aberta“. Segundo o ecologista, tal via não terá impacto relevante na mobilidade urbana da região e apenas causa a destruição da vegetação local, cortando árvores de quase um século de vida.

O que está acontecendo aqui é uma aberração contra o meio ambiente, é uma destruição da área verde no bairro Universitário onde a prefeitura está abrindo duas ruas. Quero deixar bem claro que a posição da AAECO é de que somos favoráveis à abertura de uma das ruas, somos favoráveis à abertura da rua de norte a sul. Porém, todavia, eles estão abrindo uma do oeste para o leste. Esta rua não precisaria ser aberta por quê os moradores na parte de cima têm uma total abertura de rua no sentido norte, então não tem porque abrir uma rua desnecessária e com isso acabaram destruindo toda essa mata nativa“. Conta Rigotto.

Na imagem abaixo, é possível ver, nas flechas azuis, qual a rua que os moradores pediram ao longo dos anos. Já em flechas verdes está a via que está sendo construída e causa descontentamento na AAECO e dúvidas entre os residentes da área.

Imagem: Günther Schïoler/Grupo RSCOM

“Em pleno século 21 nós estarmos assistindo a essa degradação do meio ambiente as árvores nativas de 50, 60, 70 ou 80 anos. Então a Secretaria do Meio Ambiente é uma lástima que deixe a Secretaria de Obras e o IPURB tomarem essa decisão de abrir essa rua a qual seria extremamente desnecessário.” Finalizou o ecologista

Diante das denúncias, a prefeitura de Bento Gonçalves foi procurada para esclarecer a decisão de realizar tal obra. De acordo com a gestão municipal, este processo para criação da rua teve inicio em 2008 e obteve até uma lei em 2017 (Lei 6209/2017). Na oportunidade, o terreno foi permutado pelo poder público, dando aos então proprietários outro terreno em local diferente da cidade. A assessoria também ressaltou que “não é uma área verde. A previsão de abertura já existe há anos e é prevista no plano diretor.”

Confira a nota enviada pela prefeitura.

A Prefeitura por meio da Secretaria de Viação e Obras Públicas (SMVOP) iniciou no mês de janeiro a obra de abertura de rua no bairro Progresso interligando as vias Amândio Dalcin e Paulo Pasquetti. A obra era um pedido antigo dos moradores. Após a conclusão vai ser realizada uma licitação para a pavimentação basáltica e passeio público.

Para realização da obra foi necessária à supressão de vegetação. O manejo, da área do Município, averbada em matrícula nº 85.717, foi realizado conforme licenciamento ambiental.

Como forma de compensação ambiental pelo corte dos dois exemplares de araucária, serão plantadas 30 mudas do mesmo exemplar, conforme legislação vigente.

Não é exigida compensação ambiental pela supressão da vegetação secundária em estágio inicial, em conformidade com o artigo 4º da Instrução normativa SEMA nº 01/2018.

“Nossos técnicos agem dentro da legislação e com muita seriedade e respeito ao meio ambiente. A área é do Município e foi feita toda verificação antes de ser emitido o laudo ambiental”, destaca o Secretário do Meio Ambiente, Claudiomiro Dias.”

Por fim, Rigotto questionou se a população foi ouvida em relação a criação desta rua. “Será que a população sabia que ir que iria ser aberto as duas ruas?”

A equipe de reportagem conversou com um engenheiro civil sobre os trabalhos e importância da criação da segunda rua. Segundo o profissional, a obra mostra-se importante uma vez que fará a criação de um anel com outras ruas. Desta forma, o projeto agrega a mobilidade urbana. O que deve ser avaliado, de acordo com ele, é a realização de um processo que tenha as devidas autorizações ambientais, estudos de impacto e demais legalidades da Secretaria de Meio Ambiente.

Imagem: Günther Schïoler/Grupo RSCOM
Imagem: Günther Schïoler/Grupo RSCOM
Imagem: Günther Schïoler/Grupo RSCOM
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Imagem: Günther Schïoler/Grupo RSCOM
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