Agro Rural

Mesmo com estiagem e quebra na produção, colheita da uva inicia em Bento Gonçalves e região

Imagem: Prefeitura de Monte Belo do Sul
Imagem: Prefeitura de Monte Belo do Sul

O mês de janeiro trouxe consigo o início da colheita da uva em Bento Gonçalves e região. Variedades mais precoces já estão, desde o último domingo (09), sendo retiradas das videiras em diversas propriedades locais. Estes frutos, por conta de seu processo mais rápido de brotação e amadurecimento, foram os que sofreram de forma mais atenuante com estiagem que atinge o Rio Grande do Sul.

A baixa quantidade de chuvas ao longo dos últimos meses foi crucial para que diversos produtores tivessem quebras na hora de colher. Para muitos, a safra de 2021/22, que trazia grande expectativa durante o inverno do último ano, será para, no máximo, pagar as contas do que foi gasto para plantar. Quem afirma isso é Cedenir Postal, presidente do Sindicado dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira e Santa Tereza.

“Estamos iniciando a safra da uva 2022. Safra esta que tinha uma grande expectativa por parte dos agricultores mas que infelizmente vem sendo afetada por esta grande estiagem que assola todo o estado e o Sul do Brasil. A nossa produção de uvas, as primeiras, estão sendo com qualidade na questão da graduação mas muitas para elas estão sofrendo o ‘stress hídrico’. E tenho uvas que não nem podem ser colhidas porque acabaram marchando no pé e até caindo.

Acho que esse ano o agricultor vai ter dificuldade de honrar principalmente os compromissos que fez custeio e investimento porque a parte que seria da lucratividade foi perdida com a estiagem. Infelizmente esta é a realidade do início da nossa safra.”

Apesar das perdas eminentes, que trarão uma safra de 450 a 500 milhões de quilos (40% a menos do que no último período), algumas propriedades, que trabalham com variedades mais tardias, ainda têm esperança de recuperar a colheita. Embora muitas localidades estejam já realizando a colheita da uva, pontos como o próprio Vale dos Vinhedos, ainda apresentam cachos verdes, então, os trabalhos devem começar apenas no próximo mês de fevereiro.

As propriedades que já estão com os trabalhos de colheita a todo vapor, têm se frustrado com o resultado da safra. Imagens que circulam por redes sociais mostram cachos de uvas completamente debilitados, secos e murchos.

Por conta disso, para a segunda quinzena de janeiro, espera-se que hajam chuvas capazes de encher as uvas e recuperar os investimentos.

“(…) Nos meses de novembro e dezembro, onde era necessário uma quantidade boa de chuva, praticamente não choveu nada ou muito pouco. A expectativa agora nos próximos dias, mais ao final do mês de janeiro é que tenhamos uma boa chuva mas de forma irregular. Então pode chover em uma localidade e alguns quilômetros adiante e não chover nada.”

A chuva é esperada até mesmo por aqueles produtores que empregam o máximo da tecnologia. Rafael Butelli Lunelli, que possui plantações em Bento Gonçalves, afirma que mesmo com irrigação, ainda haverá consequências e perdas na safra.

A cidade de Monte Belo do Sul já decretou situação de emergência em virtude da falta de chuvas que, por consequência, causaram prejuízos nas safras. Na terça-feira (11), a prefeitura de Bento Gonçalves realizou uma reunião com entidades, empresários, produtores e a EMATER. Na ocasião, a Capital da Uva e do Vinho também adentrou a lista.

A cidade de Pinto Bandeira também tem posicionamento favorável, mas, agora, aguarda um laudo da EMATER para saber quais os prejuízos até o momento.

Imagem: Jorge Benvenutti
Imagem: Prefeitura de Monte Belo do Sul