Justiça

Acusada de integrar 'quadrilha da carne de cavalo' é solta pela justiça em Caxias do Sul

(Imagem: Divulgação)
(Imagem: Divulgação)

A ré Teresinha Salete Gedoz, 59 anos, foi autorizada pela justiça a responder em liberdade ao processo de acusação, por fazer parte da quadrilha que misturava carne de cavalo para a fabricação de hambúrgueres em Caxias do Sul.

Conforme a justiça, ela foi liberada por ter um filho que depende dela para atendimentos especiais todos os dias. Os demais cinco integrantes do grupo vão continuar presos.

A Operação Hipo foi deflagrada no último dia 18 de novembro pelo Ministério Público (MP). Conforme o MP, existem outros quatro réus que não tiveram a prisão decretada, entretanto, também foram denunciados.

No último dia 01 de dezembro, promotor de Justiça de Defesa do Consumidor de Porto Alegre, Alcindo Luz Bastos da Silva Filho, responsável pela Operação Hipo, participou da programação da Rádio Viva.

Na ocasião ele gerou a expectativa de anúncio da lista de estabelecimentos suspeitos de comprar a carne de cavalo da quadrilha. A divulgação, que ainda não aconteceu, faz parte da reivindicação do Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria (Segh).

Relembre o caso:

No dia 18 de novembro, o Ministério Público do Rio Grande do Sul, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) – Segurança Alimentar, desencadeou em Caxias do Sul a Operação Hipo.

Há cerca de dois meses, as fiscalizações se intensificaram após denúncias de que uma chácara no distrito de Forqueta, era utilizado para abate de cavalos, posteriormente a carne era vendida para hamburguerias, lancherias e mercados do município. Os animais abatidos eram comprados a baixo custo, sendo oriundos de furtos.

Após o abate, as carnes eram levadas para uma hamburgueria clandestina. Neste ponto, as carnes eram processadas e os hambúrgueres produzidos. Seis integrantes da quadrilha foram presos nesta manhã, um deles era responsável para vender os alimentos aos estabelecimentos comerciais.

De acordo com o promotor de Justiça Alcindo Luz Bastos da Silva Filho, coordenador do Gaeco – Segurança Alimentar, três lancherias foram visitadas. O DNA de cavalo foi identificado na carne de lanches adquiridos de dois dos estabelecimentos: Mírus Hambúrguer Ltda. ME e Natural Burguer.

No celular de um dos envolvidos, cerca de 20 estabelecimentos comerciais estavam fazendo pedidos entre ontem e hoje em Caxias do Sul.  Ainda, segundo Alcindo Bastos, há informações preliminares de que em torno de 60% das hamburguerias de Caxias do Sul adquiriam produtos desse grupo. Os proprietários desses estabelecimentos serão ouvidos ao longo deste final de semana.

” Vão ser ouvidos necessariamente todos os proprietários desses estabelecimentos que nos identificarmos, eles vão ter que justificar de que forma estavam adquirindo produtos, primeiro lugar sem nenhuma inspeção, sem nota fiscal, sem validade, sem rotulagem, não era de uma empresa que eles estavam comprando, estavam comprando diretamente de uma pessoa física com as condições de higiene horrorosas, as piores possíveis, vão ter que justificar. Agora a questão do conhecimento da composição com carne de cavalo, isso é uma situação vai ser mais complexa de elucida, até porque com a própria repercussão da operação talvez alguns ai tentem apagar vestígios.”

Na chácara inúmeras carcaças foram encontradas enterradas, ainda foram apreendidos cerca de 200kg de costelas de cavalo. Em outros dois pontos fiscalizados pelo GAECO houve a apreensão de 500kgs de hambúrgueres, 830kgs de carnes de cavalos e 115 kgs de carne de suínos. Não se descarta a possibilidade que o grupo tenha atuação em outros municípios da Serra Gaúcha.

Em torno de 70 agentes do MPRS, Brigada Militar e secretarias de Estado da Saúde e da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural participaram da ação, que prendeu seis pessoas, vistoriou oito pontos e incluiu o cumprimento de 15 mandados de busca e apreensão. Das seis pessoas duas delas eram antigos proprietários de mercados, que tiveram seus estabelecimentos fechados pela Vigilância Sanitária de Caxias do Sul.