A pandemia do coronavírus acentuou um preocupante cenário na saúde pública do país e do Estado: a queda na procura pelas vacinas de rotinas das crianças e adolescentes. Segundo especialistas, isso gera um risco a essas faixas etárias, fazendo com que algumas doenças consideradas erradicadas possam voltar a circular ou aquelas que vinham com baixos índices aumentem. Em especial pelo momento atual de gradativa retomada das atividades e retorno desse público às escolas.
Por isso, a Sociedade Brasileira de Imunizações e a Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul são parceiras da Secretaria da Saúde (SES) na campanha nacional de multivacinação de crianças e adolescentes menores de 15 anos, que começa nesta sexta-feira (1º/10) e que vai até o dia 29. Quem comparecer às salas de vacinação terá o histórico vacinal avaliado e poderá receber, em uma única visita, todas as vacinas previstas no calendário de rotina.
Ao todo, o calendário de vacinação prevê 14 tipos de vacinas até os sete anos de idade e outras oito até os 15 anos, fora as que ocorrem em campanhas específicas, como a da gripe e da covid-19. Mais de dois milhões de pessoas no Estado fazem parte desse grupo de menores de 15 anos.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, o médico Juarez Cunha, a pandemia fez com que muitas pessoas deixassem de procurar ou levar os filhos até os postos de vacinação. “Já observávamos essa redução nas coberturas em especial nos últimos cinco ou seis anos, mas os números que já achávamos ruins pioram muito do ano passado para esse”, comenta. Considerando dez das vacinas previstas até o primeiro ano de idade, em nenhuma delas foi alcançada a meta de vacinação que seria atingir pelo menos 95% do público da idade preconizada nos últimos quatro anos, sendo que em 2020 nenhuma ficou acima dos 90%.
“Isso demonstra um risco muito grande e uma fragilidade a um grupo que já é mais vulnerável, que são as crianças”, aponta Juarez. Ele lembra de algumas doenças que foram eliminadas nas últimas décadas em virtude da vacinação, como a varíola, pólio, rubéola congênita e tétano neonatal. “O sarampo é um exemplo que chegou a ser eliminado e voltou por causa de baixas coberturas. O mesmo pode acontecer com outras doenças que hoje estão controladas mas que o aumento no número de crianças não vacinadas pode fazer com que ressurjam”, afirma.
Juarez, que também faz parte do conselho da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, reforça que hoje as vacinas disponíveis no calendário básico são seguras, eficazes, gratuitas e que protegem contra doenças que podem ser muito graves, em especial na infância.
Vacinação da covid-19 e demais doses
Crianças e adolescentes menores de 15 anos e que farão a primeira ou segunda dose contra a covid-19 podem receber no mesmo momento outra vacina do calendário básico de vacinação, caso precisem. Não é necessário mais aguardar um período delimitado de dias entre a dose contra o coronavírus e demais vacinas. Essa foi uma atualização publicada pelo Ministério da Saúde em Nota Técnica (número 1203/2021) e a orientação tanto para os adolescentes como para a população adulta que precise de outra vacina.