Espiritismo - conflito de identidade social

Cada vez mais comum observarmos pessoas com dificuldades de se encontrarem emocionalmente, discussões e descontentamentos são exarados e potencializados pela facilidade de comunicação proporcionada pelas redes sociais.

Contudo as lamentações e reclamações que são direcionadas as outras pessoas se dá diante da impossibilidade ou orgulho de uma reflexão que possa concluir que o problema está em si mesmo.

Para compreensão deste fenômeno, por assim dizer, é necessário distinguir o que é consciente do que é inconsciente. Numa breve e sintetizada definição, tenha que o consciente ou cérebro é o corpo e o inconsciente o espírito, sendo ambos depositários de memórias, onde no primeiro as lembranças são recentes e claras, mas no segundo são apenas reminiscências de um passado distante.

O processo reencarnatório serve justamente para deslembrar quem fomos e o que fizemos outrora, contudo sem jamais apagar nossa personalidade, pois o princípio evolutivo não pode ser desrespeitado. Nossas conquistas permanecem e nossos erros devem ser reparados – Lei de causa e efeito (carma).

Assim, como ocorreu na degradação do Orbe de Capela (Livro a Caminho da Luz), onde a Terra acolheu parte desta civilização que evoluiu intelectualmente, mas não afetivamente, também está ocorrendo em nosso país. Neste sentido a dimensão geopolítica continental do Brasil foi cuidadosamente planejada e preparada pela espiritualidade celestial para receber espíritos exilados da Europa. Desta forma chegaram várias etnias que se diferenciam socioculturalmente, trazendo progresso ao nosso país e ao mesmo tempo aprendem com as dificuldades diante de uma sociedade menos evoluída.

A realidade financeira, social e política não são mais a mesma da outra existência e, principalmente, não possuem mais o poder do mando. Sim, considerando os fatos históricos, quem detinha condições monetárias e grandes extensões de terras, obrigatoriamente eram escravocratas.

Diante da nova vida e das relembranças pregressas muitas pessoas pensam estar numa comunidade social que não mais lhes pertence, sofrem com isso, bravejam e se revoltam perante qualquer obstáculo que possa oferecer resistência a possibilidade de retorno da sua condição passada. Muitas vezes aqueles que escravizaram, hoje estão em posição social mais confortável, o que lhes causa enorme indignação e desprezo.

Ainda resistem em assimilar que seu poder de subjugar o mais fraco não pode mais ser exercido diante dos limites impostos pela moderna legislação vigente. Eis a razão de se revoltarem contra as instituições e os meios de comunicação que os obriga a se conterem e não voltarem mais a encabrestar e dominar pela força.

Devemos compreender que o princípio evolutivo social não retroage e aqueles que se obstinam em permanecer estacionados serão ultrapassados por aqueles que se esforçam em seguir em frente. O momento político que nos encontramos é, talvez, um dos últimos ciclos de firmamento da democracia, quem não perceber este fato irá viver em martírio constante.

São realidades árduas, mas enquanto nossa reflexão não perceber o conflito existencial provocado pelas reminiscências do nosso passado e, principalmente, que devemos mudar e respeitar o outro, jamais retornaremos ao paraíso perdido, podendo assim viver em plena felicidade.

Disse-lhe o Senhor: “Duas nações estão em seu ventre; já desde as suas entranhas dois povos se separarão; um deles será mais forte que o outro, mas o mais velho servirá ao mais novo”. (Gênesis 25:23)

Escrito por Mauro Falcão, em 02.08.2021 para o Portal Leouve e Tábuas da Verdade.