O trabalho do IGP para apontar o que causou o incêndio na sede da Secretaria da Segurança Pública do Estado, no dia 14 de julho, pode ser longo e talvez inconclusivo. O tamanho das chamas e da destruição provocada por elas na estrutura do prédio pode impedir que a equipe chegue à definição do ponto exato que originou o fogo. O desafio é comprovar as hipóteses levantadas pela perícia, apesar do nível de destruição do prédio. Como encontrar vestígios de uma falha elétrica em equipamento, por exemplo, em uma montanha de entulhos?
Uma semana após o incêndio, os peritos criminais do IGP puderam acessar a parte interna do prédio da Secretaria da Segurança Pública. Em dois dias, eles percorreram todos os andares, sempre próximo às escadas de incêndio, que não foram atingidas. A equipe observou as estruturas queimadas pelo fogo, os locais onde as lajes foram rompidas e como se deu esse rompimento. Os seis peritos criminais que pertencem à Seção de Incêndio da Divisão de Engenharia do Departamento de Criminalística estão envolvidos na apuração.
Antes mesmo que o incêndio fosse controlado e o prédio liberado pelo Corpo de Bombeiros, os peritos já trabalhavam para entender a dinâmica dos fatos. Primeiro, com a captação de imagens da área externa do prédio, observando onde a estrutura está mais deteriorada. Também foi usado um drone para registrar as áreas internas mais atingidas. Uma equipe de peritos criminais da Polícia Federal prestou apoio técnico aos peritos do IGP e recriarão, em conjunto, um modelo 3D da edificação.
As imagens e os vestígios coletados devem ajudar a identificar as partes danificadas pelo fogo e compreender a dinâmica do incêndio e do desabamento. Os peritos querem saber se o desabamento ocorreu por falhas na construção, se atendia às normas para suportar o fogo ou se foi ao chão pelo tempo e intensidade das chamas. A planta do local e o Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) que estava em execução também deve ser analisados.
Não há prazo para a conclusão da perícia. A equipe vai estudar o material coletado no local da tragédia, que resultou ainda nas mortes de dois bombeiros militares, o 1º tenente Deroci de Almeida da Costa, 46 anos, e o 2º sargento Lúcio Ubirajara de Freitas Munhós, 51 anos, durante o combate ao fogo.