Caxias do Sul

Sinaleiras de Caxias do Sul são palco da crise causada pela pandemia

Sinaleiras de Caxias do Sul são palco da crise causada pela pandemia

As sinaleiras do município se tornaram pontos para artistas de ruas, vendedores e pedintes. Não é de hoje que se acompanha essa situação. Contudo, ela foi agravada pela crise causada após a chegada do coronavírus.

Com cartazes em punho, alguns pedem por uma refeição, um trabalho, ajuda financeira ou até mesmo vendem balas ou algo que possa fornecer algum dinheiro. Os locais são inúmeros, na área central, perimetrais, ruas que fazem ligações com bairros.

As políticas públicas de Caxias do Sul destinadas a esse público são de atenção da Fundação de Assistência Social – FAS, instituída nos termos da Lei n.º 4.419 de 4 de janeiro de 1996, é entidade da Administração Indireta do Poder Executivo Municipal, com personalidade jurídica de Direito Público.

A cena urbana que se tornou recorrente revela diversos motivos que levam essas pessoas as esquinas em busca de ajuda. Encontramos dois casos de venezuelanos que vieram ao município em busca de maior qualidade de vida.

Na rua Marechal Floriano, encontramos o Angelo Eduardo que trabalha com malabares nos sinais e veio para o município em março do ano passado, no início da pandemia. Sozinho, deixou uma filha de 11 anos para quem envia um pouco do que ganha na rua.

“Na verdade eu sai do meu país por uma qualidade de vida muito melhor. Lá está muito difícil, sabe? Então comecei a viajar e já conheço sete países. Desde que estou no Brasil, desde o ano passado, um mês antes da quarentena. Comecei a aprender malabares, logo chegou a quarentena e ai comecei a treinar bastante até conseguir fazer”, fala o malabarista.

Ele conta que está instalado em um hotel simples de Caxias e que todos os dias têm a missão de arrecadar no mínimo R$ 70 para cumprir com usas obrigações “Na verdade é muito melhor que um emprego, porque um emprego paga um salário tipo, R$1.100, R$ 1.200. E com malabares posso ganhar um pouco porque tenho família, que tenho que ajudar também”,diz.

Angelo conheceu uma mexicana durante este período na cidade, que voltou ao seu país e recentemente descobriu que estava grávida. Agora ele tenta encontrar um emprego para que consiga ajudar nas despesas com a nova integrante da família.

Na RSC-453 em uma sinaleira, encontramos Carolaine Pedroza, de 24 anos, ela veio com seu marido e suas três filhas da Venezuela. Ela contou que eles estavam no Paraná e há poucos dias chegaram a Caxias do Sul, onde pretendem se instalar.

Carolaine explica que a situação em seu país era muito difícil, “Nós trabalhávamos lá, mas o salário não dava para nada. Não dava para comer, não dava para morar, não dava para nada. É complicado o frio, porque não estamos acostumados ao frio. Mas temos que acostumar agora né. Estamos esperando estabilizarmos para morar e conseguir trabalho, qualquer coisa”, fala.

Conforme a diretora de Proteção Social Especial da FAS, Jamila Tassemeir grande maioria dos refugiados que vêm para o nosso país recebem aporte da ONU ou de alguma organização da sociedade civil.

“A grande maioria está tendo aporte da ONU ou de uma organização da sociedade civil que encontra apoio e diante disso, tem grupos que estão em Porto Alegre, no espaço Jesuíta. Eles vem de Porto Alegre para Caxias, porque o povo de Caxias é mais solidário. Eles se sensibilizam mais porque eles estão com as crianças e tem toda uma aproximação de não deixar eles expostos a essa situação”, conta.

A diretora ainda fala que a fundação têm uma ideia de quanto estas pessoas conseguem arrecadar nas ruas, “Eles conseguem arrecadar na semana, eles vem e voltam a Porto Alegre, não ficam aqui. Na semana eles conseguem ganhar em torno de R$ 900”.

Ao questioná-la como chegam a essa informação, a diretora explica que essas pessoas informam as equipes de abordagem especializadas. “Eles dizem pois são abordados por essas equipes especializadas e mostram o quanto que eles estão conseguindo arrecadar e o quanto que é vantajoso estar nesses espaços”, salienta Jamila.

Essa é uma das preocupações da FAS, já que não conseguem atender este público os ajudando a sair desta condição. Por isso contam com o apoio da população “Como a gente pode estar ajudando é contatando através da abordagem social do plantão de sobre aviso da FAS e também dizer que eles podem acessar o centro Pop Rua”, diz.

É CRIME?

Pedir dinheiro só pode ser considerado crime quando for acompanhado de ameaça, o que pode resultar de um a seis meses de detenção, de acordo com o Código Penal. Outra situação passível de punição é quando acontece algum constrangimento ilegal (quando não há vantagem econômica), o que pode incorrer de três meses a um ano de detenção.

A penalização mais severa ocorre em casos de extorsão, que é o constrangimento mediante violência ou ameaça grave. A pena é de quatro a 10 anos de detenção. Isso acontece, com frequência, quando alguém ameaça riscar o veículo, por exemplo.

Crise na Venezuela 

Segundo a Agência Press, a principal causa da migração se deve à crise econômica enfrentada pela Venezuela, que registra escassez de medicamentos e alimentos, além de apagões. Outro motivo é a oposição ao presidente, Nicolás Maduro. Muitos têm medo de serem perseguidos e presos pelo governo.

Matéria atualizada às 19h46min**