Bento Gonçalves

VRS-855, em Bento Gonçalves: “Considerar que ela está ruim, hoje, é basicamente um elogio”

Estrada está em condições precárias

Foto: Günther Schöler / Grupo RSCOM
Foto: Günther Schöler / Grupo RSCOM

Uma das rodovias mais importantes de Bento Gonçalves e região, a VRS-855, está abandonada pelo governo do estado do Rio Grande do Sul. O caminho que liga Bento Gonçalves a Pinto Bandeira está repleto de buracos, desgastes e placas caídas. A rota, é muito utilizada por produtores de uva, vinho e pêssego, bem como turistas do Brasil e do mundo que vêm à Serra Gaúcha para conhecer os Caminhos de Pedra. Contudo, a estrada tem se tornado um caminho que causa preocupação por conta de possíveis acidentes e danos aos veículos.

Em 2018, pouco antes de a pista ser restaurada, o então engenheiro do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER), Rogério Uberti afirmou que ela estava com várias irregularidades e sem sinalização. Três anos passaram e pouco mudou. De diferente daquela época são as placas de sinalização que foram instaladas e agora encontram-se caídas. Uma delas, a que fica localizada próxima da ponte entre Bento Gonçalves e Pinto Bandeira, está com buracos de tiros.

Pessoas que trabalham nas vinícolas da região e diariamente trafegam pela VRS-855, confirmam que a estrada está em condições precárias e, da maneira como ela se encontra, existe não apenas perigo de danos materiais, mas até de vida.

O diretor comercial da Vinícola Cave Geisse, Rodrigo Geisse afirma que “Considerar que ela está ruim, hoje é basicamente um elogio, porque ela está péssima! Ela tem pedaços que falta asfalto, parece um queijo suíço.”

Ele destaca que “tem lugares, que tu tens de passar a menos de dez quilômetros por hora, porque senão tu é capaz de tu furar o pneu. Um queijo suíço, na verdade. Então, ela tá realmente péssima. Já é quase melhor uma estrada de chão do que ter pedaços de asfalto e buracos. Então, essa é a grande reclamação até dos turistas, quando vem pra cá.

Acho uma região linda, tudo maravilhoso, mas realmente a estrada é, além de perigosa. Se torna uma estrada perigosa. Principalmente se pegar dias de neblinas, que são o caso agora do inverno, de muita chuva também”.

O diretor da Vinícola Don Giovanni, Daniel Panizzi, também demonstrou estar preocupado com as condições da VRS 855. Ele afirma que “já tivemos perdas financeiras com rodas estourando. Pneu furando, não é nem um caso, é mais de um, e imagino que seja isso com mais pessoas da comunidade. A Prefeitura vem fazendo um trabalho de tapa buraco mas são coisas paliativas, porque é a primeira chuva que acontece e acabam abrindo novamente. Existe uma preocupação da comunidade, das associações, da Asprovinho, e todos ligados à prefeitura pra busca de verba pra fazer o recapeamento da do asfalto. E como se trata de DAER, uma estrada estadual tá sendo bem complicado. Promessas, em seguida se inicia e as e nada acontece, essa estrada aí tá precária há anos”.

Ambos diretores destacaram que, além de causar prejuízos e problemas aos produtores de uva, vinho e pêssegos, as péssimas condições da VRS são uma grande reclamação dos turistas que trafegam nesta via para conhecer os Caminhos de Pedras.

Outra pessoa que reclamou não apenas das condições da via, mas também da maneira como as obras de restauração e manutenção são conduzidas, foi o prefeito de Pinto Bandeira, Hadair Ferrari. Em entrevista exclusiva para o Portal Leouve, o gestor da cidade, que esteve no trecho mais crítico da estrada, a subida após a ponte que divide Bento Gonçalves e Pinto Bandeira, destacou as péssimas condições, as tentativas de arrumá-la e a maneira como o governo do estado tem trabalhado.

Depois de ouvir os empresários, o prefeito de Pinto Bandeira, moradores locais, e registrar as condições precárias da VRS-855, a reportagem buscou um posicionamento do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem, o DAER.

O órgão emitiu nota assinada pelo diretor-geral, Luciano Faustino, dizendo “O Departamento informa que está programando intervenções na rodovia que devem melhorar as condições de trafegabilidade. Os serviços devem ocorrer ao longo do segundo semestre deste ano e serão realizados de acordo com a disponibilidade orçamentária.”

Com o andamento da vacinação contra a Covid-19 e aumento do turismo na região serrana, e a aproximação das colheitas de uva e pêssego, os produtores e moradores locais anseiam por operações que restaurem a pista. Caso esta continue em estado precário, negócios e empreendimentos locais poderão ter ainda mais prejuízos que se estendem desde o início da pandemia.