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Câncer é principal causa de morte por doença em Caxias e em 139 cidades gaúchas

Câncer é principal causa de morte por doença em Caxias e em 139 cidades gaúchas

Em pelo menos 140 dos 497 municípios gaúchos, o câncer é a doença que mais faz vítimas, de acordo com um estudo realizado pelo Observatório de Oncologia do movimento Todos Juntos Contra o Câncer, em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), divulgado nesta segunda-feira, dia 16. Em todo o país, o câncer figura como principal causa de morte em 516 dos 5.570 municípios brasileiros.

Entre as cidades mais populosas, Caxias do Sul, com quase meio milhão de habitantes, está entre os municípios brasileiros que tem a doença entre as principais causas de mortalidade. Os números da secretaria de Saúde mostram que 25% das mortes ocasionadas por doença tem como causa o câncer. Em 2017, 669 das 2.691 mortes provocadas por doença tiveram como diagnóstico da fatalidade a doença.

Em Bento Gonçalves, a realidade não é diferente. Para o secretário de Saúde de Bento Gonçalves, Diogo Segabinazzi Siqueira, entre as explicações para o fenômeno estão a qualidade de vida e a longevidade da população. “Quando tem um IDH alto, terá maior índice de câncer e doenças vasculares. Este é um resultado claro em qualquer país desenvolvido, em qualquer cidade com IDH alto”, afirmou.

Os dados confirmam que a maior parte das cidades brasileiras onde o câncer aparece como principal causa de morte está localizada em regiões mais desenvolvidas, justamente onde a expectativa de vida e o Índice de Desenvolvimento Humanos são maiores. Dos 516 municípios onde os tumores mais matam, 80% ficam no Sul (275) e Sudeste (140), enquanto o Nordeste concentra 9% dessas localidades (48); o Centro-Oeste, 7% (34); e o Norte, 4% (19).

As cidades em questão concentram, ao todo, uma população de 6,6 milhões de pessoas. Onze delas são considerados de grande porte, 27 cidades com população entre 25 mil e 100 mil pessoas, e as demais, a imensa maioria, se situam na faixa de pequenos municípios, com menos de 25 mil habitantes.

Enquanto em todo o país as mortes pela doença representam 16,6% do total, no território gaúcho, o índice chega a 33,6%. Um dos fatores que, segundo a pesquisa, pode explicar a alta incidência de câncer na região são as características genéticas da população, que pode apresentar maior predisposição para desenvolver um tipo de câncer.

Um estudo realizado pelo Observatório da Oncologia, divulgado em 2017, mostra que, caso não ocorram medidas efetivas na prevenção e controle da doença, o Rio Grande do Sul será um dos estados que terá o câncer como principal causa de morte em 2029, ultrapassando as doenças cardiovasculares.

Perfil

Com base no Sistema de Informações de Mortalidade, a pesquisa identificou que, das 9.865 mortes registradas nas 516 cidades ao longo do ano de 2015, a maioria foi entre homens (57%). Seguindo a tendência, em 23 estados, os homens lideram o número absoluto de mortes. Em 21 municípios, não houve sequer um registro de óbitos entre mulheres. Apenas no Ceará e no Mato Grosso do Sul, elas foram maioria nos registros de óbitos, enquanto em 62 cidades, as mortes registradas foram iguais para ambos os sexos.
Com relação à idade, metade dos óbitos se concentra nas faixas de 60 a 69 anos (25%) e de 70 a 79 anos (25%). Em seguida, a maior proporção aparece no grupo com mais de 80 anos (20%). Crianças e adolescentes até 19 anos somaram 19% dos óbitos no mesmo ano.

Números

O câncer é a segunda causa de morte no mundo. Atualmente, 8,8 milhões de pessoas morrem por ano em decorrência dessa doença, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O levantamento revela ainda que, em 2015, foram registradas 209.780 mortes por câncer no Brasil – um aumento de 90% em relação a 1998, quando foram registrados 110.799 óbitos pela doença. O crescimento das mortes por neoplasias durante o período, segundo o relatório, foi quase três vezes mais rápido que o crescimento dos óbitos provocados por infartos ou derrames.

Dados da OMS indicam que, em todo o planeta, o câncer é responsável por 8,2 milhões de mortes todos os anos. Cerca de 14 milhões de novos casos são registrados anualmente e a previsão da entidade é que as notificações devam subir até 70% nas próximas duas décadas.

No Rio Grande do Sul, essa doença matou mais de 18 mil gaúchos neste mesmo período.