Opinião

Crianças e o isolamento - a importância das atividades físicas

Crianças e o isolamento - a importância das atividades físicas

Uma pesquisa realizada na província chinesa de Xianxim com 320 crianças e adolescentes nos traz os efeitos psicológicos mais imediatos da pandemia: dependência excessiva dos pais (36% dos avaliados), desatenção (32%), preocupação (29%), problemas de sono (21%), falta de apetite (18%), pesadelos (14%) e desconforto e agitação (13%).

Todas essas questões variam acordo com a idade, as características da menina ou do menino, o contexto familiar e social, mas, principalmente, o jeito com que os adultos do convívio dessa criança lidam com a situação. Sabemos da grande dificuldade que é manter a criança por horas atenta em aparelhos eletrônicos, realizando atividades se interação social com colegas ou a presença dos professores.

Nesta fase, a movimentação é crucial, tanto para auxiliar nas demais atividades das crianças quanto para manter o desenvolvimento motor. Irritabilidade e dificuldade de concentração são dois efeitos que podem ser caracterizados pela falta de exercício para as crianças nesta quarentena.

O tempo em casa, sem exploração de novos espaços, pode trazer algum atraso, mas nada que não será revertido depois. É importante estimular a criança a correr e brincar, permita que pule no sofá e encontre outras formas de gastar energia.

Segundo um documento publicado pela Sociedade Brasileira de Pediatria, as crianças e adolescentes deveriam acumular 60 minutos de atividade física de intensidade moderada a vigorosa por dia, incluindo modalidades que estimulem ossos, músculos, mobilidade articular e exercícios envolvidos no desenvolvimento motor e de habilidades como equilíbrio e coordenação. Neste caso, subir no sofá pode, não é?

Não é só o aprendizado que faz falta na escola. As aulas de educação física e atividades de psicomotricidade estão entre as preferidas das crianças, pois proporcionam prazer e interação com os amigos. Assim, deixar o corpo inativo por muito tempo cobra o seu preço a saúde. Criança que não se exercita e gasta energia fica mais irritada, mais agitada e não consegue se concentrar nas demais atividades.

A Sociedade Brasileira de Pediatria explica que os exercícios são fundamentais para o bom desenvolvimento musculoesquelético e intelectual das crianças. Mas cada faixa etária precisa de uma quantidade de exercício diferente. E essa quantidade é bem maior do que a recomendada para os adultos. Veja:

– 0 a dois anos: os bebês devem ser incentivados a tentar alcançar e segurar objetos, mesmo antes de andar. Brinquedos coloridos e sonoros chamam muita atenção. Os pequenos também devem ser incentivados a engatinhar, rolar, andar e correr em vários intervalos durante todo o dia, até 180 minutos.
– 3 a 5 anos: também é indicado para eles 180 minutos diários de exercícios moderados, mas com um número de intervalos reduzidos. Incluir atividades para o desenvolvimento da coordenação motora, como andar de bicicleta, é muito importante nessa fase. As melhores opções são jogos com bola, perseguição e que façam as crianças correrem e gastarem muita energia.
– 6 a 19 anos: 60 minutos diários de atividade moderada ou intensa, ou seja, com respiração mais acelerada e elevação dos batimentos cardíacos. Nadar e correr são excelentes opções.

Organize uma rotina, não tão rigorosa para as crianças e ofereça recompensas como brincadeiras que possam acabar se tornando em atividades de movimento, durante intervalos das atividades pedagógicas da escola, é muito importante, para que este isolamento possa de certa forma se tornar prazeroso, divertido e construtivo para sua aprendizagem e desenvolvimento.

Texto escrito pela educadora física Abigail Somacal

(Licenciatura em Educação Física / Bacharel em Educação Física / Pós graduanda em Fisiologia e Prescrição do Exercício Clínico / CREF 027828-G/RS)