Opinião

Obesidade em cães e gatos

Obesidade em cães e gatos

Atualmente já se sabe que a obesidade é capaz de diminuir em aproximadamente 2 anos a expectativa de vida de cães e gatos. Por isso é papel do veterinário demonstrar e conscientizar o tutor da existência do problema e, dessa forma, orientar e conduzir da melhor maneira os tutores para reverter a situação.

A obesidade é considerada o acúmulo de quantidade excessiva de tecido adiposo em decorrência de um balanço energético positivo, decorrente de dieta inadequada e/ou doença endócrina primária como causa de base. O tecido adiposo é um tecido inflamatório, logo o excesso de adipócitos no organismo deixa o sistema do paciente em um estado constante de inflamação. A obesidade pode agravar outros problemas de saúde como: patologias ortopédicas, dermatológicas, urogenitais, neoplasias, cardiopatias, dentre outras.

Raramente tutores de cães e gatos procurem atendimento veterinário com o objetivo de controlar o peso em relação ao número de pacientes obesos que passam por clínicas e hospitais diariamente, em especial os felinos. Dessa forma, cabe ao médico-veterinário alertar o tutor de um paciente com sobrepeso, ou já obeso, de que a obesidade representa um risco para o animal e deve ser tratada de forma adequada para evitar problemas futuros.

A conscientização e a comunicação com o tutor é, talvez, o ponto mais difícil de ser alcançado, dependendo do tipo de cliente que está sendo abordado. Obviamente, quando o tutor busca atendimento preocupado com o sobrepeso do seu animal, o trabalho de conscientização do proprietário torna-se muito mais fácil em relação àqueles clientes que vieram a uma consulta por um problema médico qualquer e foram alertados pelo veterinário sobre o problema do sobrepeso e da necessidade de implementação de um programa de emagrecimento.

DIABETES

O diabetes melito (DM) é uma das principais endocrinopatias observadas em cães e gatos. Além de estar associado a um grande impacto na vida dos tutores, a vida dos pacientes corre sério risco se tratamento e manejo adequados não forem estabelecidos, de forma rápida, após o diagnóstico. A terapêutica do DM em cães e gatos necessita de uma forte cooperação entre os envolvidos, isto é, o clínico, o tutor e também o paciente, o que acaba por estreitar o vínculo entre tutor e paciente, bem como entre clínico e tutor.

A ausência de terapêutica adequada agrava o estado clínico do paciente com DM e ainda aumenta as chances de complicações graves, como a catarata diabética na espécie canina, a neuropatia diabética na espécie felina e, em ambas as espécies, a cetoacidose diabética, complicação que denota uma emergência endócrina e que pode ter um desfecho fatal em até 30% dos casos. Além disso, o atraso no adequado manejo do paciente reduz as suas chances de remissão.

Se o seu cão ou gato apresentar alguns dos sinais abaixo, fique atento e agende uma avaliação com veterinário o mais breve possível:

– aumento do consumo de água

– aumento do volume de urina

– perda de peso

– fome excessiva

O diagnóstico é feito através de exames de sangue, incluindo aferição da glicemia no momento do atendimento, e urinálise. O diagnóstico precoce irá ditar o desfecho do quadro, para que seja instalada a insulinoterapia e alimentação adequada o mais rápido possível.

HIPERADRENOCORTICISMO / SÍNDROME DE CUSHING

O hiperadrenocorticismo canino é hoje considerado uma das principais doenças de cães idosos, e a doença endócrina de maior prevalência em rotinas clínicas de pequenos animais no Brasil e no mundo. O quadro é decorrente da exposição excessiva, multissistêmica e crônica de glicocorticoides.

A enorme maioria dos casos não tem cura, porém um bom controle a longo prazo pode ser obtido com revisões e ajustes terapêuticos periódicos, permitindo que os animais tenham expectativas de vida na maior parte das vezes inalteradas pela doença.

Os sinais clínicos são diversos e sistêmicos, lembrando que cada paciente pode ter uma apresentação clínica muito diferente do outro, e ambos terem a mesma doença. Os sinais mais observados são:

– aumento da fome

-aumento da ingestão de água

– ofegação em excesso

– abaolamento do abdômen

– alopecia (falhas de pelo)

-ruptura de ligamentos

– ceratoconjuntivite seca

– fraqueza muscular

– hipertensão arterial

Através de uma investigação minuciosa por parte do veterinário, e realização de exames de sangue, ultrassonografia, urinálise e dosagem hormonal, é possível chegar ao diagnóstico e iniciar o tratamento adequado, evitando assim que os efeitos crônicos da doença, comprometam mais de um sistema do organismo do paciente.

Maieli MartinsMaielli Martins Marçal
Medica veterinária UFRGS
Pós Graduação em Endocrinologia e metabologia pelo instituto QUALITAS
Membro da Associação Brasileira de endocrinologia veterinária ABEV
Atuo na área de endocrinologia desde a graduação, onde fui bolsista do setor de endocrinologia do hospital de clínicas da UFRGS.