As notícias dos últimos dias na TV meio que se repetem, mas tem uma cena que não canso de assistir, aliás ela tem se repetido em posts nas redes sociais e nos grupos de whats das famílias: os velhinhos sendo vacinados, velhinhos com mais de 90 orgulhosamente ostentando sua carteirinha do SUS com a prova de que foram vacinados contra a Covid 19.
Nenhuma campanha pró vacina – é o cúmulo precisarmos de uma – será tão eficaz quanto o exemplo desta turminha que é o pico da pirâmide etária do mundo. Espontaneamente eles nos transmitem uma lição tão bonita e desprezada por tantos que têm saúde de atleta: a vida é bela.
Eles ignoram negacionistas, acreditam na ciência e lutam por mais uma manhã de sol. Ao longo dos anos aprenderam a valorizar coisas simples. Gostam do som da tormenta, respeitam a força do vento e como as árvores no temporal, se vergam pra não quebrar quando veem algo mais forte à frente. Sabem que a natureza traz forças incontroláveis como um terremoto ou um vírus letal. Eles não precisam que a Anvisa diga que a Covid mata. Perderam amigos para a doença e ao se vacinarem estão dando um claro sinal: eu valorizo a vida e quero continuar por aqui mais um tempo.
Tem gente que pensa que os mais velhos são descartáveis e já viveram o que de melhor a vida podia lhes oferecer. Onde então está a explicação para ter esta fé na vida? Na antropologia ( ou seria na biologia?): autopreservação. Mas, como não somos minhocas e pensamos, é interessante buscar outras razões para esta sede de vida. Os vovós da vacina ensinam que a vontade de viver pode ser a vitamina para uma vida longeva e boa, com netos e bisnetos pra curtir. E é gente que já sofreu e já passou por provações que nem imaginamos.
Vovôs e vovós, alguns em cadeira de rodas, sorriem ao receber a vacina. É uma lição que muita gente letrada ou liderança política ou empresário abastado não soube transmitir: a vida é única, é um presente que recebemos, não há porque desperdiçá-la e, neste momento, a melhor forma de dizer sim à vida é aprovar e apoiar a vacina.
Pra terminar, um pouquinho do sempre oportuno Gonzaguinha:
“Nunca se entregue, nasça sempre com as manhãs
Deixe a luz do sol brilhar no céu do seu olhar
Fé na vida, fé no homem, fé no que virá
Nós podemos tudo, nós podemos mais
Vamos lá fazer o que será”