Polícia

Corregedoria pede afastamento de Fermino e investigação terá mais tempo

Corregedoria pede afastamento de Fermino e investigação terá mais tempo

A Corregedoria da Polícia Civil pediu, nesta sexta-feira, dia 16, o afastamento do delegado Moacir Fermino e de outros quatro agentes que atuaram no caso das crianças esquartejadas em Novo Hamburgo no inquérito que apura a atuação dos policiais na investigação.

A Corregedoria chegou a pedir a prisão do delegado, afastado desde fevereiro, mas a Justiça negou. De acordo com o delegado Antonio Lapis, da Delegacia de Feitos Especiais da Corregedoria, Fermino estaria desrespeitando o afastamento da delegacia. Por isso, o pedido de prisão teria sido feito para impedir que ele pudesse interferir na investigação.

Delegado Fermino foi afastado da investigação sobre a morte das crianças esquartejadas (Foto: Polícia Civil/arquivo)

O delegado foi indiciado três vezes por falsidade ideológica e outras quatro por corrupção de testemunhas. O inquérito foi aberto depois que Fermino disse ter recebido uma revelação divina que revelou os suspeitos. Ao todo, os três suspeitos somam 12 indiciamentos. Durante a investigação, outros três policiais foram afastados do caso, mas eles não foram indiciados.

A versão de Fermino, que substituía o titular Rogério Baggio na Delegacia de Homicídios de Novo Hamburgo, indicou que as crianças haviam sido mortas em um ritual macabro praticado num templo no bairro Morungava, em Gravataí. Até hoje, o menino de 8 anos e a menina de 12, ainda não foram identificados e as cabeças deles não foram localizadas. Exames de DNA indicaram que eles são irmãos por parte de mãe.

Ao assumir o caso, Baggio revelou a farsa, soltou os suspeitos presos e afirmou que as testemunhas mentiram sobre o ritual. Segundo a Corregedoria, um homem identificado apenas como Paulo, um amigo de Fermino, teria coagido as testemunhas a prestarem depoimentos falsos à polícia. Ele está preso.

A polícia acredita que pode haver motivações pessoais para forjar a história, como dívidas com alguns dos apontados como suspeitos e interesses religiosos. Para o delegado Lapis, apesar de Fermino afirmar em depoimento que apenas acreditou na história e buscou elementos para confirmar a hipótese, há indícios de que o delegado pode ter ajudado inclusive a forjar os depoimentos.

Na casa do delegado, a polícia apreendeu um livro sobre seitas e que descrevia rituais satânicos, com vários trechos sublinhados que, segundo Lapis, se assemelham ao que disseram as testemunhas. Para o delegado, o que importava era manter as pessoas presas injustamente.

Mais prazo

Como a investigação do caso simplesmente voltou ao início e não há certezas, Rogério Baggio confirmou um novo pedido para prorrogar o prazo para as investigações do inquérito que deveria ser encerrado nesta sexta-feira, dia 16. A intenção é fazer novas diligências.

O delegado disse que nem mesmo a nacionalidade das crianças pode ser determinada. O que se sabe com certeza, segundo a polícia, é a idade das crianças e que a perícia identificou que uma das crianças havia ingerido uma grande quantidade de álcool. E que os cinco suspeitos que estavam presos e outros dois considerados foragidos são inocentes.