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Bem-vindo ao Rio Grande, senhor Hang

Bem-vindo ao Rio Grande, senhor Hang

Passada a euforia de uns e o desgosto de outros com o anúncio da chegada da Havan em Caxias, recebido com entusiasmo e números superlativos, eu vou aqui meter minha colher porque é até natural que uma novidade como essa cause todo esse estardalhaço. Porque não é todo dia que uma grande rede de lojas anuncia um investimento de quase 100 milhões de reais e a oferta de 300 empregos diretos. Os números são gigantes e somam também os investimentos da Comercial Zaffari, de Passo Fundo, na compra do terreno e na abertura de uma loja no local.

Não há o que contestar e não há como ser contra. Afinal de contas, em época de dificuldades, esse anúncio é sim um oásis no deserto da crise. Com ou sem estátua da liberdade e sem questionar o gosto duvidoso do senhor Hang. E ponto final. Só que não.

Para o controverso Luciano Hang, o novo negócio da empresa que lucra entre 4 a 5 bilhões de reais por ano vai ser um marco na história de caxias. É preciso concordar com ele. Mesmo que alguns analistas apontem que no caso do setor do varejo os empregos migrem e não haja uma significante abertura de novas vagas, é evidente imaginar que haverá sim um impacto econômico importante, seja na manutenção da empregabilidade do setor, seja na movimentação da economia com a oferta de preços prometidamente mais baixos.

E pra isso, convenhamos, não vem ao caso quem seja Luciano Hang, se ele comemorou a condenação do Lula com 13 minutos de fogos de artifício ou se ofereceu pão com mortadela a manifestantes que protestavam em frente a matriz da Havan na catarinense Brusque.

Mas interessa sim senhor se ele é acusado de sonegar impostos ou se tomou empréstimos do BNDES mas diz que o dinheiro veio da iniciativa privada. Porque não há mal algum em aproveitar as linhas de financiamento públicas pra crescer, e porque, num país tão carente de honestidade, falar a verdade é ponto positivo.

É certo que as bravatas do senhor Hang só alimentam o folclore em torno de um cara que sonha com uma carreira política como vice do Bolsonaro e diz que a Havan cresce quanto mais ele fala a verdade. Mas a verdade é que a loja do senhor Hang cresce também quando ele não diz a verdade, quando até a estátua da liberdade fake diante das lojas sabe que ele conseguiu ampliar sua rede graças aos mais de 20 milhões de reais em dinheiro público captados entre 2005 e 2014 e quando ele não diz mas é beneficiado por prefeituras contentes com a abertura da loja.

Ou ainda quando diz que nunca respondeu a um processo, mas tem pendências na Justiça desde 1996 e carrega sim senhor suspeitas por descaminho, falsificação, sonegação de impostos e lavagem de dinheiro. É preciso falar a verdade. Porque o que precisamos, senhor Hang, é de exemplos positivos. Exemplos de trabalho e dedicação como os seus, e exemplos de virtude e honestidade como há muito não temos.

Seja bem-vindo ao Rio Grande.