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Será preciso provar o crime de Guerra

Será preciso provar o crime de Guerra

Como era mais que esperado, a comissão que analisa o processo de cassação do mandato do prefeito caxiense Daniel Guerra decidiu na semana passada por dar prosseguimento às denúncias que acusam o prefeito de descumprir a lei, e nesta semana deve começar a fase quente do processo, essa que vai ouvir testemunhas e começar a produzir provas.

Depois disso, Guerra vai ter cinco dias para apresentar sua defesa e, caso o parecer final da comissão processante da Câmara de Vereadores seja favorável à cassação, Guerra vai precisar de oito votos no plenário para barrar o impeachment. O problema é que, até agora, ele só tem quatro, e a oposição tem larga vantagem na Câmara.

Resta saber se os quase 150 mil votos conquistados na eleição de 2016 vão ser suficientes pra conseguir barrar a cassação do mandato. Antes disso, o apoio popular até conseguiu barrar a admissibilidade dos dois primeiros pedidos de impeachment feitos na Câmara, mas parece que esse apoio vem perdendo força, tanto que não conseguiu barrar a terceira denúncia.

E vamos combinar aqui que três denúncias em menos de um ano de mandato não é pouca coisa. Certo, é preciso descontar os interesses contrariados, um certo desejo de vingança pelo resultado das urnas e o fogo amigo no imbróglio envolvendo o vice-prefeito, mas é inevitável que a gente fique tentando responde como é que, em apenas um ano de mandato, um governo que assumiu com forte apoio popular pode chegar a essa situação?

O certo é que Guerra parece que sucumbiu a um cenário de isolamento e de conflito que ele mesmo criou e que foi agravado por todos os lados, e agora até mesmo os grupos que o apoiavam parecem ter se desmobilizado diante da falta de alternativas apresentadas pelo próprio governo.

Mas, fora da questão política, o certo é que há indícios que precisam ser investigados, e Guerra vai ter que se explicar e explicar as supostas irregularidades apontadas na denúncia.

Porque no mínimo esse processo é bem mais estruturado do que os outros, e porque Guerra pode ser sido eleito por uma imensa maioria de votos, mas nada dá a ele o direito de descumprir a lei. E, por isso, resta saber agora se as eventuais provas que serão apresentadas terão a força de eliminar qualquer dúvida quanto à responsabilidade do prefeito.

Porque é isso que está em jogo: será preciso provar o crime de responsabilidade.

Porque o impeachment não pode ser a redenção pro voto arrependido ou um castigo pra um governo que não agrada.

Longe disso.

O impeachment só pode ser admitido se ficar comprovado sem a menor sombra de dúvida que o prefeito cometeu um crime de responsabilidade.

Por isso, é preciso que os senhores vereadores tenham em mente que qualquer coisa fora disso tem outro nome, e, se os homens e seus interesses vencerem a verdade no final, será a história, inevitavelmente, que vai se encarregar de julgar os envolvidos.