Leonardo Bertelli Piveta
Leonardo Bertelli Piveta

De tempos em tempos sai da boca de políticos palavras que fazem referência a um modelo de pessoa benfeitora. Alguns falam em formar, outros em representar o que denominam um “cidadão de bem”. Apelos deste tipo na maioria das vezes funcionam, porque ser bem quisto é um anseio considerado importante por muitos. Todavia, entender o que é de fato ser um cidadão de bem na sociedade moderna torna-se questão pétrea, ainda mais quando a expressão faz parte da retórica política. Para exemplificar o que pode ser um cidadão de bem usaremos o caso da Ucrânia nos anos 1932 e 1933.

Na época, o país do Leste Europeu fazia parte da União Soviética. A política econômica da URSS era controlar toda produção de comida. Desta forma, os camponeses tinham a obrigação de dar grande parte do que era produzido em suas propriedades para o estado comunista. Assim, um “cidadão de bem” seria aquele que, seguindo as exigências do estado, entregasse todo seu alimento para os comunistas e morresse, juntamente com seus familiares, de fome.

Tão logo essas medidas absurdas foram impostas, o povo ucraniano posicionou-se de maneira contrária. Por isso, eles foram considerados maus cidadãos. E, não poderia ser diferente, já que eles se atreviam a comer uma batata ao invés de entregá-la a Stálin. Para punir quem não cumpria as normas de um “cidadão de bem” membros do exército vermelho invadiam as casas dos camponeses, levavam toda comida existente, estupravam mulheres e crianças e as deixavam para morrer de fome. Para saber mais sobre estes fatos, basta pesquisar sobre o Holodomor, um dos maiores e mais cruéis genocídios praticados pelos comunistas.

Não obstante, o conceito de cidadania vem da Antiguidade. Ele foi tomado recentemente pelos socialistas a fim de dar uma nova significação para a expressão e suas variantes e usá-las como ferramentas de controle de massa. Assim sendo, é necessário ter consciência que cidadão é apenas um título dado pelo Estado, não demanda virtudes, exige apenas que sigamos um conjunto de regras estabelecidas por pessoas que, na maioria das vezes, seguem valores que não são conhecidos ou contrários aos nossos próprios.

De fato, o conjunto formal das normas é útil e necessário para organizar a sociedade, porém não passa disso. Os jogos verbais transcritos em leis não criam valor por si, quantas leis que conhecemos que são absurdas e sequer “pegaram”?[1] As qualidades humanas não aparecem quando temos um registro geral (RG) ou um cadastro de pessoa física (CPF). Uma parte delas vem desde a concepção dentro do útero da mãe e outra é desenvolvida ao longo da vida.

Portanto, é importante estar atento quando o termo “cidadão de bem” sair da boca de um extremista radical de esquerda. A referência pode ser os mais de cinco milhões de ucranianos que morreram de fome enquanto o Estado Soviético aumentava a exportação de grãos e não ser os verdadeiros valores que tornam o ser humano um homem íntegro e capaz de organizar a vida em sociedade de forma harmônica. O objetivo desses militantes esquerdistas é fazer com que você nada seja dito contra as leis que por eles foram criadas mesmo que estas subvertam a sociedade inteira sob um manto de bom mocismo fajuto.

“O certo é certo, ainda que ninguém esteja certo; e o errado é errado, ainda que todos estejam errados.”

[1] https://consumaseusdireitos.com.br/as-leis-que-nao-pegam/