Turismo & Vinhos

Primeira agroindústria do vinho colonial é inaugurada em Bento

Estabelecimento foi inaugurado no início desta semana (Foto: Marina Teles/especial)
Estabelecimento foi inaugurado no início desta semana (Foto: Marina Teles/especial)

A Piccola Cantina, de Auri e Diva Flamia, é a primeira agroindústria familiar de Bento Gonçalves e uma das pioneiras do Brasil apta a produzir e comercializar o Vinho Colonial em feiras, cooperativas ou na própria propriedade. Para isso, o produtor utilizará apenas o talão de produtor rural para emissão de notas, sem a necessidade de abrir uma empresa, produzindo até 20 mil litros por ano, com uvas próprias. O estabelecimento foi inaugurado  em São Valentim, Faria Lemos.

Estabelecimento foi inaugurado no início desta semana (Foto: Marina Teles/especial)

A gerente regional da Emater-Rs/Ascar, Sandra Dalmina, destacou que esta ação é possível devido ao trabalho conjunto do Estado, do Município e de várias entidades. “Quando falamos em vinho colonial, não estamos falando só de um produto, nem especificamente de uma bebida, estamos falando de uma história, que é de toda imigração. Assim como, na comercialização do vinho temos que agregar o valor que ele tem, que é o valor de toda a história que está envolvida atrás da produção, e eu tenho certeza que a família Flamia, faz isso com muita dedicação”.

Em seu pronunciamento, o chefe geral da Embrapa Uva e Vinho e representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mauro Zanuz, parabenizou a família Flamia pelo empreendimento. “Queria cumprimentá-los por ser a primeira vinícola de vinho colonial em Bento Gonçalves e no Estado. O Vinho Colonial sempre existiu desde a chegada dos imigrantes, e só agora em 2018, encontrou um espaço para sua regularização, que se deu pelo trabalho de várias entidades”, enfatizou.

O secretário Estadual de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, Tarcísio Minetto, salientou em sua fala que a formalização integra as ações desenvolvidas pelo Governo do Estado. “Que tenhamos muitos agricultores se inscrevendo e regularizando sua cantina. Quem ganha com isso é o município de Bento Gonçalves, toda a região da Serra, o Rio Grande do Sul e todos nós brasileiros, pois tenho certeza que muitos vinhos coloniais serão levados para fora do país como referência de um produto diferenciado.”

“Esta conquista é de todos nós, mas principalmente da agricultura familiar, que está aqui representada pela família do senhor Auri Flamia. A Prefeitura sempre buscou apoiar a legalização das agroindústrias e os produtos oriundos da agricultura familiar, numa iniciativa inédita no país, por meio da Lei Municipal das Agroindústrias. Sabemos o quanto esta inauguração é importante, pois sem a regulamentação da comercialização e produção, o pequeno vitivinicultor estaria impedido de vender seu produto, gerar renda para sua família, desenvolver e ser valorizado”, comemorou o secretário Municipal adjunto de Agricultura, João Carlos da Silva.

O projeto que regulamenta a produção de vinhos artesanais no país foi aprovado pela Câmara dos Deputados ainda em 2015. Bento Gonçalves integrou o projeto piloto para busca do registro, organizado pelo Ibravin, Emater-RS/Ascar, Embrapa Uva e Vinho, Seapi/RS e Mapa, Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) e apoio da Prefeitura. Além disso, todo o processo de regularização contou com a colaboração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e das secretarias estaduais de Agricultura, Pecuária e Irrigação do Rio Grande do Sul e de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo do Rio Grande do Sul.

A inauguração também contou com a presença do representante da secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Irrigação, Gevaldino Soriza de Oliveira, deputado estadual, Elton Weber, presidente da Câmara de Vereadores, Moisés Scussel Neto, do chefe de escritório da Emater-RS/ Ascar do Município, Thompson Didoné, do subprefeito do Vale dos Vinhedos, Marciano Batistelo, além de secretários municipais, presidentes, diretores e demais autoridades.

Cantina Piccola

No último sábado, 27, durante a abertura oficial da colheita da uva no estado do Rio Grande do Sul, juntamente com o produtor Aldo Lazzari, de Garibaldi, os produtores receberam o registro como os primeiros empreendimentos familiares gaúchos habilitados à produção e comercialização de Vinho Colonial, enquadrados na Lei 12.959/2014. Para alcançar este objetivo, a família precisou estar enquadrada como agricultor familiar no Programa Estadual de Agricultura Familiar (Peaf) e no Programa Municipal de Agroindústrias, para que assim, pudesse utilizar em seus rótulos os selos Sabor Gaúcho e Sabor de Bento.

Em dezembro de 2017, a agroindústria recebeu o Selo Sabor de Bento que certifica a qualidade e procedência do produto oferecido, estimulando o consumo, viabilizando a ampliação e a competitividade do mercado e, assim, transmitindo segurança aos consumidores. Esta certificação se dá por meio no cadastro do estabelecimento na Secretaria Municipal de Desenvolvimento da Agricultura, que após passar por vistoria do Serviço de Inspeção Municipal (SIM), recebe a habilitação para vender suas mercadorias, com a garantia do selo.

Legalização do Vinho Colonial

O Rio Grande do Sul concentra a maior parte dos produtores de vinho colonial/artesanal, mas, segundo projeções, estima-se que cerca de quatro mil famílias produzam e vendam sem registrar seu vinho no Brasil.

A partir do trabalho das instituições, na Serra Gaúcha mais 11 estabelecimentos já estão aptos a comercializar seu produto na próxima safra. No Município, mais quatro agroindústrias familiares estão em processo de legalização. São elas: Vitório Somenzi, na Linha Zenith, Gilmar Parisotto De Toni, distrito de São Pedro, Claimar Zonta, Linha Eulália, e Pedro Speranza, distrito de Faria Lemos.