Dizem que o voto é uma arma, é um direito inalienável, que é a única ferramenta capaz de implementar mudanças reais na sociedade. Mas como, se o voto é universal e a cabeça de cada um é diferente e cada um tem valores desiguais? ou seja, eu peso, pondero, sofro para conceder minha virgin… digo minha confiança a alguém e ao meu lado ou ali adiante, onde há pessoas que sequer conheço que é um eleitor venal? troca seu sagrado voto por um churrasco ou 15 litros de gasolina? Se precisar vende até a mãe.
Numa eleição municipal há ambiente para emoção e para dissabores acompanhados por constrangimento. Há muitos candidatos que jogam bola com você, frequentam o mesmo restaurante ou o mesmo Conselho Municipal. E o voto é uno. Há amigos fazendo campanha em agremiações com viés ideológico oposto. E você ali, sorrindo amarelo. Dizendo um sim ou um talvez a três ou quatro candidatos. Traição? falsidade? eu diria que simples questão de sobreviver sem melindrar. Afinal, as aparências importam, sobretudo nos quatro anos que se seguem a eleição. A vida continua para eleitor e candidato com vitória ou derrota nas urnas.
Cada cabeça uma sentença. Alguns candidatos cumprem “sacrifício” em nome do partido. Outros sonham com a loteria (ser eleito entre 10 concorrentes é uma possibilidade bem maior do que acertar o jogo do bicho. Aqui a ciência, recursos e suor funcionam mais do que a sorte). Mas, há que se considerar os movimentos do tipo boiada. Um candidato se destaca na multidão e os votos o seguem. Aí elegemos ilustres desconhecidos; grandes promessas; grandes desilusões.
Esta esperança ajuda a explicar o fato para que municípios tenham 10, 12 candidatos a prefeito. Entra ano, sai ano e não sai a reforma política que todos entendem deva ser profunda, a começar pela redução no número de siglas. Os políticos não querem saber. Gostam mesmo é de se refestelar nas verbas do fundo partidário, de saltitar de sigla em sigla, aonde chegam com status de bom moço e logo arrumam confusão por não respeitar gente com história dentro da sigla.
Mas também, como esperar coerência do eleitor se o congressista se norteia por interesses tão primários. A reforma eleitoral não sai porque sabem que perderão privilégios e dinheiro. Enfim, vamos às urnas, porque se é ruim com elas, pior sem. Se é pra culpar alguém, que culpemos a nós mesmos por tão falhas escolhas.