Justiça

Pai de Rafael Winques é o primeiro a depor no caso de infanticídio cometido pela mãe do menino no RS

Foto: Polícia Civil/Divulgação
Foto: Polícia Civil/Divulgação

Um dos crimes de maior repercussão no Rio Grande do Sul em 2020, o assassinato do menino Rafael Winques, 11 anos, teve nesta quinta-feira (1º) a sua primeira audiência judicial no âmbito do processo, em que a própria mãe consta como autora confessa do infanticídio, cometido durante a madrugada de 15 de maio na casa da vítimas em Planalto, região Norte do Estado. O primeiro a depor foi o pai da criança.

Por meio de videoconferência com duração aproximada de duas horas, o homem – que mora em Bento Gonçalves  prestou esclarecimentos a uma juíza da comarca de Planalto. Ele ressaltou que a ex-mulher, de 32 anos, costumava recorrer a castigos verbais e físicos na edução de Rafael e de seu irmão mais velho, um adolescente de 17 anos. “Ela gritava e dava pau nos guris”, frisou.

O depoente relatou, ainda, que nas semanas anteriores ao crime Rafael era “bem comportado” e obtinha boas notas na escola, mas aparentava estar “meio depressivo”. Sobre essa observação, acrescentou ter chegado a questionar a criança sobre isso e que desistiu de prosseguir com o assunto ao perceber que as respostas eram invasivas ou geravam desconforto psicológico no filho.

Ele também voltou a afirmar que se dirigiu de Bagé a Planalto, distantes mais de 300 quilômetros, um dia após receber em seu celular um telefonema do então namorado da mãe de Rafael, dizendo que o garoto havia desaparecido – o sumiço foi comunicado pela mulher após estrangular o menino e ocultar o corpo no pátio de uma casa vizinha cujos moradores estavam viajando.

A lista de depoimentos incluiu outras testemunhas, como uma professora de Rafael e o já mencionado namorado da ré confessa. Acompanharam a sessão os três advogados da acusada e dois promotores de Justiça encarregados da acusação.

O crime

Em meio a versões que foram sendo modificadas nas semanas posteriores ao infanticídio, a mãe de Rafael Winques assumiu ter matado o filho mais novo e ocultado o corpo. Ela alegou, porém, que o incidente envolveu overdose acidental, devido a dois comprimidos do calmante Diazepam que forneceu ao menino para que dormisse, já que teimava em permanecer jogando “games” até altas horas da noite.

Momentos depois, ao constar que o menino estava sem vida, a mãe teria entrado em pânico e decidido arrastar o cadáver, com uma corda, até uma casa ao lado, cujos moradores estavam fora da cidade. No dia seguinte, ela procurou a Polícia para fazer uma falsa comunicação de desaparecimento.

Buscas foram realizadas sem sucesso durante mais de uma semana, com o auxílio da comunidade, até os investigadores notarem contradições na fala da mãe. Confrontada, a mulher acabou confessando o crime no dia 25 de maio, dez dias depois do infanticídio. A necropsia apontaria como causa da morte asfixia mecânica por estrangulamento.

A versão não convenceu a Polícia Civil e o Ministério Público. A mulher acabou indiciada por homicídio qualificado (praticado por motivo fútil, com meio cruel e recurso que dificultou a defesa), ocultação de cadáver, falsidade ideológica e fraude processual.

Fonte: O Sul