Futebol

Após um Gre-Nal apocalíptico, Inter e Grêmio se reencontram pela Libertadores

Foto: Ricardo Duarte/ SC Internacional
Foto: Ricardo Duarte/ SC Internacional

Mais de 110 anos de rivalidade e um dos maiores clássicos do mundo, nunca um Gre-Nal havia sido disputado em uma edição de Copa Libertadores. Nunca até este ano, quando o destino quis colocar holofotes nunca vistos antes para a rivalidade entre colorados e tricolores. Um Gre-Nal com ares apocalípticos e cuja alcunha “Gre-Nal do fim do mundo” não foi atoa.

Enfim, a definição

Não foram poucas as vezes que Inter e Grêmio por pouco não se enfrentaram em algum jogo importante nesta década. Em 2011, havia a expectativa do clássico ser disputado pelas quartas de final da Libertadores. Porém, Universidad Católica e Peñarol estragaram os planos. Em 2016, o Grêmio até poderia disputar a final do penta da Copa do Brasil contra o Internacional, que buscava o bi, mas o Atlético-MG acabou eliminando o colorado nas semifinais.

Mas o maior exemplo de que o destino não deixaria ocorrer um Gre-Nal aconteceu em 2019. Inter e Grêmio estavam vivos nas quartas da Libertadores e nas semifinais da Copa do Brasil e se enfrentariam caso ambos passassem de fase em qualquer competição. Só que o Inter foi eliminado da Copa do Brasil e o Grêmio da Libertadores, acabando com toda e qualquer expectativa.

No mesmo 2019, foi realizado o sorteio da fase de grupos da Libertadores que colocou uma certa expectativa em um Gre-Nal na Libertadores. O Inter entraria na pré-libertadores e, caso passasse de fase, integraria o Grupo E, com o Grêmio nele.

Antes do início da Libertadores, coube aos guris de Inter e Grêmio quebrarem o tabu. Pela primeira vez na história tivemos um Gre-Nal na final da Copa São Paulo, vencido pelo Inter nos pênaltis.

Já na Libertadores, o Inter despachou a Universidad de Chile e o Tolima, decretando pela primeira vez um Gre-Nal na Libertadores.

Chances perdidas, brigas e recorde de audiência 

Um Gre-Nal por si só já tem ares apocalípticos, só que todo o contexto do Gre-Nal 424 do dia 12 de março de 2020 reforçou ainda mais isso. Algumas horas antes da bola rolar, a Conmebol definiu pela suspensão da Libertadores, em virtude da pandemia de Covid-19. Esse seria o último jogo da maior competição do continente por longos 6 meses, até o retorno em setembro.

A forma como as pessoas acompanharam também foi diferente. O Gre-Nal 424 foi transmitido com exclusividade pelo Facebook Watch, que tem os direitos de alguns jogos da Libertadores. Com narração de André Henning, o clássico conseguiu bate o recorde de 2,1 milhões de pessoas assistindo simultaneamente, algo que só foi batido alguns meses mais tardes com a final da Champions League, entre PSG e Bayern. Até mesmo um documentário sobre o clássico, feito pela Conmebol, foi gravado no dia do clássico.

Com a bola rolando, ambos os times tiveram grandes chances de abrir o placar, mas acabaram no 0 a 0. Porém, dois lances ficaram por longos meses no imaginário do torcedor como um possível desfecho alternativo com final feliz.

Aos 32 do primeiro tempo, Boschilia entra na área. Vanderlei vai pra cima do meia colorado. Enquanto isso, Guerrero e Thiago Galhardo abrem espaço para o passe. Boschilia tenta uma cavadinha, mas manda pra fora.

Já do lado tricolor, o lance chave ocorreu aos 37 do segundo tempo. Luciano recebeu um bom passe e viu Marcelo Lomba adiantado. O atacante gremista tentou encobrir o goleiro colorado, mas a bola foi pra fora.

Mas a grande lembrança deste clássico veio nos minutos seguintes. Em uma disputa de bola na lateral do campo, Pepê e Moisés se desentenderam. Mas todo mundo sabe que em Gre-Nal uma simples disputa de bola vira uma guerra, então imagina isso em uma Libertadores.

O que era uma confusão entre Pepê e Moisés já envolveu Luciano e Edenilson, e logo depois armou aquele famoso “bolinho” que todo mundo já está acostumado. Os 4 pilares da confusão foram expulsos. Porém, quando todo mundo imaginava que a briga acabaria por aí, uma pancadaria generalizada tomou conta do Gre-Nal, com cenas dignas de UFC. Ainda foram expulsos Cuesta, Caio Henrique e Praxedes, o último sem nem ter entrado em campo.

Com 8 de cada lado, o Gre-Nal mais parecia uma pelada de final de semana do que uma partida de futebol. A partida terminou empatada em 0 a 0 e foi o último jogo de Libertadores durante 6 longos meses.

Até a partida do returno, um longo caminho foi percorrido. No meio dele, ocorreram dois clássicos, e, em ambos, o Grêmio foi superior. Inter e Grêmio se enfrentam novamente nesta quarta-feira, ás 21:30, no Beira-Rio. Edenilson e Moisés estão suspensos ainda por punição daquela briga de 12 de março. Assim como no jogo de ida, tudo pode acontecer antes, durante e depois deste clássico.

Fonte: O Bairrista