A segunda-feira começa com uma reportagem instigante no Bom Dia Brasil: dezenas de prédios em muitos municípios brasileiros estão erguidos e deveriam estar pacientes. São as Unidades de Pronto Atendimento, UPAs. Elas não entram em funcionamento porque não há dinheiro.
Vivemos no ano passado a novela da Upa Zona Norte em Caxias. Que em setembro finalmente passou a operar e já no primeiro mês ofereceu 5 mil atendimentos. A matéria veiculada mostrou a situação da UPA de Farroupilha. Pronta e sem previsão de funcionamento pelo motivo de sempre: a prefeitura não tem como pagar funcionários e custear tudo o que envolve um bom atendimento. O Leouve, o Grupo RSCom têm mostrado estas situações e a verdade nua e crua é esta, uma situação que se espalha por todo o Brasil. São 180 situações semelhantes. Um investimento de 360 milhões de reais que podem ser corroídos pelo tempo e pela falta de planejamento.
Falta de planejamento talvez não seja bem a questão. A verdade é que existe um projeto de levar saúde ao interior do país, aos municípios. Tentar dar atendimento imediatamente à à pulação evitado um quadro de agravamento. Ao alcance e à conveniência da União, está transferir recursos para prédio e equipamentos. Aí prefeitos vão lá e buscam o investimento. Depois deixam a prefeitura proferindo com orgulho que trouxeram o equipamento social. Mas a conta, a equação do funcionamento e dos gastos mensais para a manutenção ficam por conta do seu sucessor, que não levou os louros pela obra, mas fica com o ônus da operação.
A população, ora, não quer saber. Está vendo o prédio pronto e precisa do atendimento. Quando falamos em iniciativa privada, qualquer plano de negócio precisa de garantias de que o empreendimento tem como se sustentar. Senão, o agente financiador não libera os a verba. Nas obras públicas as prioridades são outras: o nome de quem inaugura tem que estar na placa e os 20% de praxe pra irrigar caixa de campanha e as joias das amantes precisam estar garantidos também.
A verdade líquida e certa é só uma: precisa rever o pacto federativo. Não se pode continuar na ilusão de que a União é a grande mãe de tetas gordas que suprirá os municípios na hora da dificuldade. Esta história é sempre a mesma. Um governo centralizador que dá biscoitos sempre que a base aliada votar as leis de seu interesse.
Rediscutir a matriz tributária, quando os mais ricos pagarão impostos equivalentes à sua fortuna e os pobres serão aliviados da carga insuportável que carregam não é algo que entre na discussão. O mesmo se dá em relação à divisão do bolo entre União, Estados e Municípios. Não é do interesse dos mais fortes. Então vamos continuar vivendo este processo de ódio a cada eleição e gerando matérias dando conta da corrupção, de obras que se arrastam por anos e anos sem conclusão, de políticos que se elegem e decepcionam seus eleitores, de um país profundamente injusto, dividido e cheio de mazelas. Ah sim, e como hienas, continuaremos a fazer piada sobre os portugueses.