Caxias do Sul

Empresário recebe ameaça de morte e revela suposto cartel do gás em Caxias

Empresário revela que vem sofrendo ameaça contra sua vida e de familiares. Fotos: Mauro Teixeira/RSCOM
Empresário revela que vem sofrendo ameaça contra sua vida e de familiares. Fotos: Mauro Teixeira/RSCOM

Realidade em diversos estados do país, a prática de preços abusivos para a venda de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), conhecido como gás de cozinha, através da existência de um cartel pode estar acontecendo em Caxias do Sul. Ao menos é isso o que denuncia o empresário Celso de Melo, de 56 anos, diretor de uma das maiores empresas de distribuição de gás de cozinha da cidade.

Melo, que é presidente da Rede Copergás, que possui sete distribuidoras atuando em Caxias, duas em Passo Fundo e uma em Farroupilha, afirma que vem sendo ameaçado diariamente por revendedores de empresas concorrentes. Segundo a denúncia, ele estaria sendo pressionado para aumentar o valor do produto cobrado na região.

Empresário revela que vem sofrendo ameaça contra sua vida e de familiares. Fotos: Mauro Teixeira/RSCOM

As ameaças, cada vez mais constantes, fazem com que o empresário esteja pensando em abandonar a cidade em função da perseguição, que já rendeu até mesmo ameaças de morte. Ele revela que seriam feitas por homens que chegaram de moto em um dos seus estabelecimentos.“Aqui em Caxias estão formando um cartel do gás, e quem não entra, eles estão mandando motoqueiros para fazer ameaças. Já vieram aqui me ameaçar por não concordarem com o meu preço, que é mais barato”, revela.

O empresário diz que a pressão começou há cerca de um ano e meio, quando, segundo ele, os concorrentes se deram conta do movimento nos pontos de venda da rede, por conta do preço praticado, entre 10% a 15% mais barato que a média praticada pelo mercado local. Segundo ele, o suposto cartel sugere que o preço esteja entre R$ 70 e R$ 85 o botijão de 13kg. Para Melo, é possível praticar valores mais em conta. Na sua revenda, o valor fica entre R$ 60 e R$ 65, dependendo da filial.

O diretor da distribuidora, que está em Caxias há mais de quatro anos, afirma que o cartel trabalha com uma margem de lucro muito alta em relação aos preços que são passados pelo governo. Ele denuncia que o preço dos cartéis chega a ser, em alguns casos, mais de 300% maior que o valor orientado pelo governo. “Dos últimos cinco aumentos, eu só repassei dois para os consumidores. Em alguns casos, os aumentos são de R$ 1 ou R$ 1,50; mas eles repassam o valor de R$ 7 até R$ 10 para os consumidores”, revela.

Para ele, a ganância não tem limites.

“Eles não concordam em fazer promoção. Tem que vender tudo igual. Na ideia deles, se o preço for a R$ 100 o povo vai ter que pagar”, enfatiza.

Confira a denuncia do empresário:

 

Melo afirma que, desde que a pressão iniciou, a vida mudou. Hoje, ele convive com o medo de ataques, e já foi obrigado a contratar seguranças particulares. O medo de um ataque aos seus veículos é constante, e duas camionetes de entrega já foram assaltadas. “Tô pagando segurança particular. A gente no Brasil não tem condições de trabalhar livremente sem ser ameaçados por certas pessoas que pertence a um cartel que quer explorar o povo”.

Por causa da pressão, Melo disse que teve que retirar o nome da empresa dos veículos, pois, em um dos episódios, as ameaças diziam que, se ele não aumentar o preço, os seus veículos serão incendiados na próxima investida dos criminosos.
Em uma gravação, um interlocutor do empresário reclama de uma venda. “O que está acontecendo”, pergunta um funcionário de Melo. “O que tá (sic) acontecendo é que uma hora dessas os caras vão pegar essas camionetes que tão a 50 (…) É o que tão prometendo”, respondeu o homem.

Em outro trecho, ele diz: “Tá todo mundo direitinho e só tu que tá avacalhando”.
Melo acredita que o cartel é uma iniciativa que envolve as distribuidoras locais. No Brasil, a prática de cartel é crime com previsão de multa, além de prisão de 2 a 5 anos para os envolvidos. Por conta disso, a denúncia deverá ser investigada na Polícia Civil e também pelo Procon.

“Quem faz o cartel são os revendedores locais. Existe no Brasil inteiro isso aí, e aqui em Caxias alguns bairros e morros já estão sendo controlados por pessoas que não deixam a gente vender gás e atacam os nossos veículos e quebram para-brisas e até nos assaltam. Essa semana já fomos assaltados duas vezes”, conta.

Editor: Rogério Costa Arantes