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A playlist que me toca

A playlist que me toca

Mesmo que os meus cabelos, que estão cada vez mais escassos e branqueados pela ação inapelável do tempo, pareçam querer dizer o contrário, eu gosto mesmo de pensar que eu sou um cara antenado, desses ligados nas coisas de agora, sabe? Nas gírias que minha filha de 11 anos diz, nas tecnologias que meu menino de nove anos trata como se fossem as coisas mais naturais do mundo, nos desafios dessa nossa vida moderna e sem referências de uma era em que tudo é relativizado.

Na filosofia e no comportamento, eu gosto de me imaginar perto do que existe de mais plural, diversificado e libertário. Pensando bem, eu sempre fui um pouco assim, curioso e ávido pela novidade e pela diferença. A verdade é que tudo o que aprendi nessa vida foi por esforço e curiosidade.

E isso sempre esteve presente nas minhas escolhas, nos amigos que faço, nos amores que tenho, nos livros que leio, nas músicas que ouço. E talvez por ser mesmo tão presente na vida, é nas músicas que eu ouço que essa diversidade se mostra mais fácil, e é nas transformações diárias da minha playlist – sim, eu tenho playlist, cara-pálidas – que esse gosto pelo novo se mostra mais aparente e me faz pensar que sou mesmo um cara antenado.

Porque ali se misturam o clássico e o novidadeiro, a orquestra e o eletrônico, o canto e a batida, a letra e o ritmo. E talvez o que una mesmo essas escolhas é que todas elas são escolhas feitas pelo amor. Sem preconceito e sem rótulos, como eu procuro ser na vida, sempre com o amor como régua.

Por isso Nina sempre me comove, respeito a levada da Conká e Pink hoje me arrebata. Por isso sigo Dylan pra sempre, danço com Vintage e mando um Criolo abrir pra doce poesia do menino Sheeran. Daí que as pedras podem muito bem rolar ao som dos macacos que vem de muito longe. Eu ouço Zaz como se estivesse à beira do Sena, Liniker nos Arcos da Lapa, sempre como uma oração, sempre a banda mais bonita da cidade.

Sempre por amor.

Como pétala de estrela caindo bem devagar, hoje minha playlist acordou ao som de um som antigo. Por mim, por você, por amor, por ela. Sei lá.

O que sei mesmo é que, assim como na música, são os sons de ontem e de hoje que utilizo pra escrever um futuro que por ser exato não cabe em si, e que por ser encantado se revela.

Sempre por amor. E, como diz a canção, por ser amor invade. E fim.

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