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Denúncia aponta série de falta de respeito com deficiente visual na área central de Caxias

Deficiente visual aponta vários erros e falta de respeito na acessibilidade dos cegos nas ruas do centro de Caxias.

Denúncia aponta série de falta de respeito com deficiente visual na área central de Caxias

A modernização das rampas de acesso a cadeirantes realizada pela Secretaria de Trânsito, Transportes e Mobilidade (SMTTM), em vários cruzamentos da área central de Caxias do Sul, se transformou em verdadeiras armadilhas para a comunidade cega da cidade.

A denúncia é do deficiente visual, Luciano Silva, 41 anos, morador do bairro Vila Ipê, e que frequentemente se desloca da Zona Norte até centro da cidade. Conforme Silva, o piso tátil instaladas nas equinas, mais confunde do que ajuda, uma vez que os pisos induzem o deficiente visual a atravessar a rua na diagonal.

“O certo seria o piso tátil nos jogar na faixa de segurança e não fazer com que a gente seja orientado a atravessar de uma esquina a outra. É um perigo enorme. Isso já aconteceu comigo algumas vezes”, reclama.

Na EPI do Imigrante um andaime foi flagrado sobre o piso tátil que direciona para os banheiros. Foto: Divulgação

Ainda de acordo com Silva, as pessoas com deficiência visual enfrentam uma série de problemas em relação a acessibilidade no centro de Caxias. Um dos relatos é em relação a obstáculos colocados nos pisos táteis, um deles registrado por ele mostra um andaime de uma obra posicionado bem em cima de um dos pisos sem nenhuma barreira que impeça que o deficiente visual acabe batendo na estrutura de metal.

“Na área da Praça Dante não existe uma orientação no piso tátil que indique o caminho até o banheiro público. Quando quero ir no banheiro, o mais próximo com a sinalização do piso tátil fica no camelódromo. Os vendedores ambulantes também não respeitam nosso espaço, quando a gente percebe já estamos no meio das roupas e produtos que eles vendem”, conta.

Uma outra dificuldade apontada por Silva, é em relação ao ônibus do transporte coletivo urbano. Conforme o deficiente visual, há uma certa falta de atenção de alguns motoristas que não param para o embarque deles.

“Principalmente na BR 116 que uso diariamente a parada é na BR- 116 com a esquina da Rua Aldo Locatelli, tive de fazer um cartaz pra fazer com que eles parecem para mim, pois antes passavam direto digo isso pela demora que eu ficava ali no meu ponto de vista não custa pra eles parar e perguntar pra nós deficientes visuais que fazemos o uso da bengala qual o ônibus você precisa pegar”

Obra nas rampas
As obras de revitalização das esquinas iniciaram no primeiro semestres desse ano e de acordo com informações da prefeitura foram investidos pouco mais de R$ 1,5 milhão na construção de 1,5 mil rampas. As obras estão sendo realizadas pela Construtora Borin e o projeto foi concebido pela Coordenadoria de Acessibilidade em parceria com a SMTTM.

Foto: Divulgação

Os equipamentos estão sendo construídos de forma padronizada, em concreto com malha de ferro, e o cronograma atual é de cerca de 20% concluído. O material utilizado dá mais segurança ao usuário cadeirante inclusive em dias de chuva, já que o concreto elimina risco de derrapagem. A intervenção prevê a construção de três modelos de rampas de acesso, conforme a altura do meio fio, que começa em 10cm e vai até 15cm. Todos os equipamentos estão construídos com piso tátil e pintura acrílica a base de solvente na cor predominantemente azul.

Conforme a Coordenadoria da Acessibilidade, citando o Censo Populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, 23% dos habitantes do município haviam declarado que tinham algum tipo de deficiência.

O projeto prevê a construção das rampas em 152 cruzamentos. Na teoria, cada cruzamento comporta até oito rampas. Porém, alguns cruzamentos têm formado em “T” e receberão menor número de equipamentos. Exemplo disso ocorrerá no cruzamento das ruas Pedro Tomasi e Sinimbu, no bairro Nossa Senhora de Lourdes.