Opinião

As raposas estão tomando conta do galinheiro

As raposas estão tomando conta do galinheiro

Abre-se a semana e muita gente está em férias no litoral, mas há quem esteja fazendo o vestibular da Ufrgs. Também milhares de outras pessoas voltam do seu período de férias e vão encarar o trabalho com energias renovadas. Afinal quebrar a rotina é muito bom, mas voltar a ela também traz suas alegrias. A segurança de uma vida organizada não tem preço.

Pois recentemente tivemos notícias que escandalizariam qualquer vivente nos países nórdicos e em países orientais como o Japão, seriam capazes de levar ao suicídio os protagonistas dos casos que se noticiou. O fato envolvendo o novo chefe do Detran em Minas Gerais embora insultuoso, é engraçado. César Augusto Monteiro Alves Júnior, descobriu-se, tem 120 pontos na habilitação para dirigir, em três anos. Ou seja, deveria ter a carteira suspensa por seis anos seguidos, sem considerar as penas cumulativas. E um diretor do Detran estadual sem carteira para dirigir é mais ou menos como por a gerir uma Universidade um cidadão que não possui ensino fundamental.

A parte engraçada é ver o César Augusto – vou chama-lo assim, porque não creio que ele mereça maior deferência- dando entrevista à TV e informando que determinará a abertura de inquérito administrativo para apurar a si mesmo. Ora, depois de ter visto esta entrevista, o mínimo que o Governador Fernando Pimentel deveria fazer era levantar o telefone e pedir que o sujeito, ao invés de se auto julgar, se auto demita. Não é possível levar um caso destes adiante. Afinal, que isenção na hora de analisar recursos interpostos terão os encarregados ao analisar os atos do seu superior máximo? Fossem uma ou duas multas até seria de crer em algum deslize. Mas sendo tantas infrações, pode-se supor que o sujeito ou é mau motorista ou não está nem aí para as regras do trânsito. Um acinte à sociedade que seja nomeado para o cargo.

O outro caso que “escandaliza” a sociedade é ver-se a filha do Roberto Jeferson nomeada Ministra. Pior é ver Jeferson, após todo o escândalo do mensalão, após delatar e cumprir pena, voltar a ter todo este trânsito livre em Brasília e junto ao Presidente da República. Tenho convicção que 99,5% do povo brasileiro não aprova tal proximidade. Só mesmo a classe plítica poderá entender como normal esta proximidade e esta nomeação feita por Jeferson em nome do partido.

Só depois desta análise primeira chegamos ao fator vexatório número dois. A questão das ações trabalhistas que a nova ministra do Trabalho perdeu. Se ela não cumpria regras tão básicas quanto a de assinar a carteira, como poderá zelar pelo cumprimento das leis num setor que passa por tão amplas transformações? Que sinais o governo Temer quer emitir ao nomeá-la ministra? São questões que merecem reflexão.

Finalmente ainda tem a questão do pagamento da ação por uma assessora. Isto é apropriação indébita de salário alheio – a menos que se comprove a devolução das parcelas à assessora da Ministra. Mas, como bem lembrou uma ex-funcionária pública em de Bento Gonçalves em rede social neste final de semana, esta coisa de político ficar com parte do salário de assessor é tão velha quanto o serviço público e disseminada por todos os cantos do Brasil. O pior é que quem tenta denunciar ou parar com a prática encontra extrema dificuldade para comprovar os ilícitos. Está aí o Promotor Alécio Nogueira, como prova. Ele tenta há pelo menos quatro anos formalizar denúncia contra quatro vereadores, num processo que era para correr em segredo de justiça mas que ganhou o conhecimento público. O fato é que o trabalho é complexo e de desfecho imprevisível.