A última semana do ano tem se caracterizado no Brasil como a semana do choro, ou da nova marcha dos prefeitos sobre Brasília. Afinal é lá que estão “restos” do orçamento. É lá que deputados poderão ser convencidos a destinar recursos para a saúde, para as estradas ou escolas e creches nos mais de cinco mil municípios do país.
Esta semana as companhias aéreas venderem muitos bilhetes para o distrito federal e os hotéis estiveram lotados. Dá pra reclamar? Ora, claro que dá. Esta é uma distorção inaceitável. É o retrato três por quatro da necessidade pra lá de reconhecida de que se faça o novo pacto federativo e ao mesmo tempo demonstra cabalmente porque é que esta reforma tributária não acontece. Os poderosos precisam se sentir poderosos. O dinheiros solto a conta gotas prende, torna prefeitos e deputados vassalos do poder central. Uma vergonha. Indigno.
Veja-se que o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, admitiu nesta terça-feira, 26, que o Palácio do Planalto está pressionando os governadores e prefeitos a trabalhar a favor da aprovação da reforma da Previdência em troca da liberação de recursos do governo federal e financiamentos de bancos públicos, como a Caixa. Olha, ele nem precisava admitir o que se sabe. Afinal, não tem como guardar segredo sobre algo assim. Mas saindo da boca de um Ministro toma uma proporção de desfaçatez muito grande.
Penso que seria prudente manter algum decoro. Mas as tropas de choque de governos são assim mesmo, destemidas, afrontosas e indecorosas. Não passam vergonha nem diante da mais cabal prova de crime. Fazem de conta que não é com eles e continuam praticando as malandragens e, pior, crimes.
É por isso que se diz que não basta escolher melhor os políticos se uma vez eleitos eles encontrarão um sistema propositalmente aprisionante, corrupto e injusto. É isso que eles querem. É isto que teremos ano após ano, infelizmente.