Estamos encerrando um ano difícil, um ano de crise, um ano de muitos obstáculos e de poucas luzes. Um ano em que as denúncias de corrupção mostraram um país esfacelado moralmente e em que as investigações e punições apresentaram ao país uma Justiça seletiva que pune alguns e deixa outros nos mais altos cargos desta nossa república de bananas.
Hoje, estamos comemorando um natal mais pobre e menos esperançoso a todos nós, os botocudos exasperados, mas com a esperança de que o próximo ano nos seja mais leve.
O certo é que ainda vamos ter que ficar de olho para ter certeza que este ano nefasto vai mesmo terminar.
Porque, como um relógio trabalhando às avessas, onde o tempo parece correr para trás, eu, você que lê este comentário agora e toda a torcida canarinho que sonha com o hexa na Rússia mas ainda sofre com os 7 a 1, fomos hipnotizados pelo canto da sereia e levados pra idade das pedras.
A cada dia, um novo fato e uma nova denúncia. Cresceram os conflitos, os desentendimentos, a falta de diálogo, e temas supostamente superados ganharam as manchetes, as redes sociais e, claro, alimentaram as famigeradas fake news.
Um ano de Tiriricas e Dórias, de Loures, Joesleys e Funaros. Foi definitivamente um ano a se temer.
Um ano em que a impressão final é a de que os bandidos venceram, e que nosso orgulho, esperança e autoestima foram impiedosamente derrotados pela vergonha.
Mas não pode ser assim. É preciso reagir.
Porque nosso país não é feito de Lula e Temer, de Aécio e de Gilmar, de Jair ou de João.
A verdade é que, apesar de todos eles, o país é feito de todos nós.
E a maioria de nós, brasileiros que não desistimos nunca, é honesta. Somos trabalhadores e criativos pra reinventar a nós mesmos e ao país, mesmo em tempos de crise. E são essas habilidades que vão permitir que a gente supere esse ano trágico.
E é essa maturidade que vai precisar prevalecer no próximo ano, pra encarar todas as reformas e mudanças estruturantes que o país precisa fazer para pavimentar seu desenvolvimento no futuro, cortando de uma vez por todas os laços que nos ligam a essa história de corrupção e de privilégios, e inaugurando uma nova fase, de honestidade, responsabilidade e crescimento, mas sem cobrar o preço mais alto de quem menos pode pagar.
Um feliz natal a todos.