Nesta terça-feira (16), o governador do Estado Eduardo Leite reiterou que a Serra Gaúcha está sob as condições de bandeira vermelha no Modelo de Distanciamento Controlado. Com isso, diversos setores econômicos locais deverão paralisar suas atividades, o que inevitavelmente trará consequências desagradáveis aos empresários da região.
Procurados pela reportagem do Portal Leouve, empresários da cidade de Garibaldi manifestaram suas preocupações referente ao atual cenário econômico regional. De acordo com relatos, o comércio vem sendo alvo do governo do Estado desde o início da pandemia.
Um comerciante do setor moveleiro e de acabamentos expressa sua indignação relatando da seguinte forma: “O comércio vem sendo alvo injustamente do governo do Estado desde o início da pandemia. Por via de regra, nossos pequenos comércios não geram aglomerações. Muito pelo contrário, já vínhamos com dificuldades antes mesmo de tudo isso. Tivemos surtos em empresas e as mesmas continuaram em operação e quem teve que fechar as portas foi o comércio. Em momento algum os comerciantes se negaram a fazer as adaptações exigidas nos decretos. E isso teve custo. Não teve subsídios do governo, muito pelo contrário, os empresários é que fizeram doações das mais diversas para ajudar a superar esse momento. Temos obrigações, aluguéis, fornecedores, impostos, salários e pra isso precisamos trabalhar. Sempre priorizamos a vida e é por isso que precisamos trabalhar. Continuaremos nos cuidando e contribuindo com a sociedade. Chega de injustiça, merecemos um pouco de respeito.”
Luiz Rogério, dono de uma loja franquiada de chocolates, localizada no centro de Garibaldi, fala das dificuldades enfrentadas: “O estabelecimento será afetado pela queda na circulação de pessoas na rua, pois nossa loja enquadra se no segmento varejo de comércio alimentício e isso no possibilita abrir a loja em bandeira vermelha. Entretanto, como disse, certamente o movimento irá diminuir.
Luiz Rogério ainda comenta que as restrições impostas pelo governo são justas. Contudo, a mudança na sensibilidade do Modelo de Distanciamento Social na semana passada, é alvo de crítica: “Considero as restrições da bandeira vermelha e demais justas, pois isso já havia sido aprovado pelas lideranças políticas, empresariais e na sua grande maioria, pela sociedade. O que questiono é a alteração da regra no meio do jogo, apresentada pelo governador na última quinta-feira, informando que a regra seria alterada e a troca de bandeira mais sensível. Isso é que pegou os prefeitos de surpresa, não dando tempo necessário para os mesmos criarem medidas de ação junto a população. Acredito que essa sensibilidade na troca de bandeira, deveria ser comunicada no sábado, junto com a troca da bandeira semanal. Nesse caso, tanto a sociedade, como os gestores poderiam organizar ações preventivas. Sendo assim, considero a atitude do governador ditatorial, causando uma enorme insegurança econômica e social nas pessoas. Não questiono o plano de distanciamento controlado, o qual já fiz vários elogios, mas mudar regras em meio ao jogo, me parece temerário. Espero que esse diálogo com prefeitos tenha permitido que ele reflita e que a partir de agora tenha maior cuidado, pois uma decisão precipitada em meio a esta pandemia, causa grande impacto na vida dos gaúchos.”
Não somente os comerciantes, mas o setor artístico da cidade vem enfrentando uma difícil situação, uma vez que os eventos precisaram parar. Musicistas, fotógrafos e demais artistas estão à míngua e o panorama não é positivo para um curto prazo. Os profissionais do setor tiveram que se adequar a nova realidade e inovar seus negócios. Hugo, que é fotógrafo e dirige um espaço de cultura do município, fala sobre as dificuldades enfrentadas: “Sobre a área de serviços de fotografia: é um dos serviços mais afetados. Ainda não temos nem previsão de retomada de eventos em função da aglomeração e precisamos que as pessoas sintam-se, e estejam de fato em segurança pra retornar. Então o que precisamos agora é muita criatividade e resiliência pra se reinventar. No momento estou apostando em cursos online, ensaios fotográficos a distância e projetos artísticos autorais.
Hugo ainda fala sobre a preocupação que assola a categoria: “Claro que ficamos chateados e muito preocupados com toda a situação. As reservas econômicas acabam e por sermos autônomos temos que dar um jeito de continuar trabalhando. Acredito que nos outros setores a mesma situação acontece. São muitas incertezas que deixam todos inseguros”, conclui.
No próximo sábado (20), haverá novamente o anúncio por parte do governo do Estado sobre a classificação das bandeiras em cada região. A esperança dos empresários locais é que haja melhora nos indicadores, fazendo com que a Serra Gaúcha possa regredir para a cor laranja. Dessa forma, setores econômicos locais terão maior flexibilização das atividades.
Fotos: Felipe Vicari/Grupo RSCOM