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A hipocrisia envergonhada do palhaço

A hipocrisia envergonhada do palhaço

Então deixa eu ver se entendi bem: agora o país está emocionado com a suposta decência e a decantada honestidade do palhaço que se diz envergonhado com a política depois de sete anos de mandato na Câmara ganhando mais de cem mil reais por mês entre salários e benefícios e penduricalhos que diz que vai embora assim que cumprir o mandato onde ele mesmo assume que fez muito pouco?

Ah tá então. Vai ver ele tá mesmo certo, e pior do que tá não fica. Mas fica. Outro palhaço décadas antes já havia ensinado que o que está ruim sempre pode piorar.

É este o caso de Tiririca.

O arremedo de palhaço-político não disse mesmo a que veio. Nenhuma indicação, nenhum requerimento, nenhuma relatoria, nenhum discurso, nenhum projeto aprovado. Como deputado, o palhaço é inoperante e inconsequente.

Em seu único discurso, esse em que renuncia à política sem renunciar ao mandato, ele revelou que recebeu propostas de propina em troca de votos, mas na verdade nada disse, a não ser a garantia de que não vai denunciar ninguém.

A hipocrisia envergonhada de Tiririca de nada serve, a não ser para expor um retrato fiel e cruel de nossa tragicômica maneira de fazer – e não fazer – política.

A verdade é que o homem que foi o mais votado em São Paulo com mais de um milhão e 300 mil votos e que se reelegeu com outro milhão de votos quatro anos depois é um símbolo da excrescência do nosso sistema eleitoral.

Por isso, sua decepção hipócrita não tem a menor importância, mas revela o ponto a que chegamos.

Porque Tiririca é fruto exatamente desse sistema que privilegia subcelebridades capazes de conquistar multidões de votos, ampliar bancadas e engordar a conta do fundo partidário e que agora ele critica, aos 40 do segundo tempo.

Tiririca é um parlamentar que gastou quase milhão e meio dos pagadores de impostos, colocou outros tantos corruptos a reboque no Congresso e ajudou um partido controlado por um mensaleiro a receber centenas de milhões de reais do fundo partidário.

Mas vejam só a nada sutil ironia do palhaço: Tiririca não renunciou.

E mesmo envergonhado, Tiririca vai ficar mais um ano sendo alimentado às nossas custas.

O certo é que, se o palhaço é ele, os abestados somos nós. E a verdade é que, se a política nacional não melhora, como ele mesmo diz, com ele ou sem ele, pior do que tá não fica.