Comportamento

Espanha já vive a fase da esperança, diz jornalista caxiense que mora em Madri

Quarta reportagem da série "A bandeira verde e amarela no mundo em pandemia" mostra como a jornalista Thaís Helena Baldasso e sua família vem levando a vida em Madri

Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal
Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal

A quarta reportagem da série “A bandeira verde e amarela no mundo em pandemia” chega à Espanha, um dos países mais afetados pela Covid-19. É lá que, há um ano e quatro meses, mora a  jornalista e produtora de conteúdo multimídia caxiense, Thaís Helena Baldasso. Junto com seu marido e seus dois filhos, Thaís reside em Madri, a capital espanhola e que, junto da Catalunha, é um dos locais mais atingidos pela doença. A Espanha contabiliza 213 mil infectados e 24.543 mortes em decorrência do coronavírus.

Conforme Thaís, os primeiros casos positivos surgiram em fevereiro, mas a demora na tomada de decisões pelo governo central contribuiu para a rápida disseminação do vírus. Somente no dia 14 de março foi decretado estado de alarme, com o fechamento do País.

Ela diz que desde então as saídas de casa tem sido apenas apenas para ir ao mercado, a farmácia ou a banca de revistas. Os especialistas em saúde acompanham diariamente o número de contagiados para dar início ao processo de volta à normalidade. O primeiro passo foi permitir que as crianças, até 14 anos, possam sair 1h ao dia acompanhadas de um familiar. No próximo dia 02 de maio, os adultos poderão sair para praticar esportes ao ar livre, mas de forma individual.

Aos poucos, a Espanha vai dando fim ao confinamento e reativando a economia, mas com um ritmo diferente em cada região, dependendo da situação sanitária e epidemiológica. A intenção é seguir com normas estritas até o verão europeu, que começa em 21 de junho.

Ainda não há previsão de abertura de fronteiras, nem o tamanho do prejuízo econômico com o fechamento do País. O que se sabe é que muitos negócios fecharão e a taxa de desemprego subirá. Alguns especialistas projetam, por exemplo, o fechamento de 40 a 50 mil bares e restaurantes e o aumento de 15% na taxa de desemprego. Mesmo que o governo central tenha tomado medidas emergenciais para amparar pequenos negócios e autônomos, o auxílio financeiro não foi suficiente para evitar o fechamento de algumas empresas e pequenos comércios e restaurantes. O turismo, a construção civil e os serviços estão sendo os setores mais atingidos pela crise.

O maior desafio da população da Espanha tem sido exatamente o confinamento, porque houve uma mudança completa do estilo de vida deste povo acostumado a viver na rua. Thaís comentou sobre como tem sido a sua rotina e de sua família.

“Depois de tantos dias nessa situação, já nos habituamos à nova rotina que inclui teletrabalho, tarefas de classe online dos pequenos e invenção de muitas atividades para combater o stress físico e emocional. Já vivemos a fase da descrença, do medo, da tristeza e agora estamos na da esperança, de que tudo passará graças ao esforço coletivo e a solidariedade de muitos espanhóis. Não está sendo um período fácil, mas temos a certeza que é extremamente necessário, porque ficar em casa foi decisivo para diminuir o número de contágios e evitar o colapso do sistema de saúde.”

Thaís diz que a população em geral tem levado a sério as recomendações de sair só quando necessário, usar máscaras e luvas e manter o distanciamento social. Até mesmo as crianças que agora podem sair estão respeitando as normas.  Há patrulhamento nas ruas e avisos constantes, quem é pego desrespeitando as orientações, pode ser multado.

A solidariedade de muitos espanhóis também contribuiu para amenizar as dificuldades por aqui. Pessoas físicas e jurídicas produziram e doaram material sanitário, o exército higienizou lares de idosos, hotéis e centro de exposições abriram suas portas para receber pacientes da Covid-19 e estudantes de saúde trabalharam nas unidades médicas.

A jornalista observa como diferença da Espanha com o Brasil o entendimento da maioria da população esponhola e do governo de que o distanciamento social é necessário, bem como o uso de máscaras e o reforço dos hábitos de higiene. Já no Brasil, a falta de uma voz uníssona sobre o entendimento da pandemia é preocupante, poderá ter consequências graves, em um futuro próximo. Ela também destaca que no Brasil o isolamento não é obrigatório e que cada um deve ser responsável pelos seus cuidados.

Ela diz que não pretende voltar ao Brasil tão cedo. A família ainda tem projetos em solo europeu e ela acredita ser um oportunidade de apresentar novas culturas aos filhos.

Com relação ao novo momento, Thaís acredita que muita coisa vai mudar, especialmente as relações sociais e de trabalho. Ela acredita em uma reinvenção de profissões, a instituição definitiva do teletrabalho e uma nova maneira de curtir a vida noturna em uma capital européia conhecida por ser cosmopolita, multicultural e libertária.

Confira um vídeo gravado pela jornalista