Comportamento

Jornalista caxiense que mora em Milão relata como a Itália luta contra a Covid-19

Terceiro reportagem da série "A bandeira verde e amarela no mundo em pandemia", chega à Itália para conversar com o jornalista Evandro Fontana

Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal
Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal

No terceiro episódio da série de reportagens “A bandeira verde e amarela no mundo em pandemia”, que o Portal Leouve e as Rádios Viva, Jovem Pan Serra Gaúcha, Serrana e Amizade 1070 vem apresentando, o jornalista e ex-secretário Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Governo Sartori, Evandro Fontana, que mora em Milão, no Norte da Itália, relata como a Covid-19 chegou à região da Lombardia e se tornou, após a China, o epicentro do novo coronavírus no mundo. Dados apontam que o país teve 202 mil infectados e que 27.359 perderam a vida na Itália.

Evandro relata que Milão, capital da Lombardia, é muito próxima a Bergamo, cidade que foi a mais atingida pela doença. Ele mora na Europa, com a esposa e o filho, desde 2018 e diz que a cidade está em lockdown desde o começo de março. Eles tem autorização para sair de casa apenas para compras em mercados, farmácias ou atendimento médico.

O controle é feito por meio de um certificado onde o morador deixa explícito o seu endereço, o mercado ou lugar onde ele vai e que, se caso for abordado pela polícia durante o trajeto, é necessário realizar a comprovação da saída, inclusive com a nota fiscal das compras.

Ele diz que a rotina da família tem sido dividida entre o auxílio ao filho, que recebe lições da escola on-line e o trabalho dele e da esposa, que atua no campo da pesquisa em saúde. Eles tem procurado inventar coisas novas para a família para que o tempo da quarentena seja aproveitado da melhor forma.

Fontana reforça que a população tem respeitado as orientações dos governantes. Porém, há casos isolados de quem insiste em não realizar o distanciamento social.

“Isso ocorre principalmente ao finais de semana, já que aqui começou a primavera, então são dias ensolarados e com temperaturas amenas. Então tem pessoas que tentam furar a quarentena. A polícia tem divulgados dados que, em certos finai de semanas, entre 10 e 15 mil pessoas tem sido autuadas, com multas que podem chegar até € 3 mil (cerca de R$ 17.778,29)”, disse ele.

Com relação às ações do governo, Evandro explica que a Itália é um país regionalizado e que cada região tem uma autonomia muito grande, inclusive na questão da saúde. Cada região dita a suas normas e investimentos. Já o governo central, segundo Evandro, demorou um pouco para tomar medidas nacionais, principalmente após o registro dos primeiros casos na Lombardia.

Ele diz que o país foi muito criticado pelo setor econômico que pedia a continuidade das atividades com normalidade. Isso acabou gerando uma contabilidade alta de mortos pela Covid-19, além de uma crise em hospitais locais. Foi apenas em 10 de março que o lockdown ocorreu, de forma inédita no mundo ocidental, o que foi decisivo para que a Itália não tivesse ainda mais mortes. Se espera que a partir do dia 4 de maio comece um relaxamento nas medidas com a liberação controlada de algumas atividades.

Essa liberação deve atingir indústrias e alguns passeios da população. Porém, bares, restaurantes e salões de beleza, devem permanecer fechados até o mês de junho. O que também tem gerado pressão junto ao governo, já que o número de demissões de alguns setores vem crescendo. O governo tem auxiliado as pessoas que perderam os seus empregos e autônomos, que recebem entre € 600 e € 800 (euros) por mês.

Evandro aponta que a diferença de cultura no combate a pandemia entre o Brasil e a Itália é o que ele chama de “cair a ficha” quanto a gravidade da doença e suas consequências. Conforme ele, logo nos primeiros dias, com os primeiros casos confirmados, a ciência se mostrou eficiente da preocupação com o isolamento das pessoas. Porém, para ele, no Brasil, parece que muitas pessoas ainda não se deram conta disso, mesmo observando o que ocorreu na Europa, China e Estados Unidos.

O jornalista diz que não pensa em voltar ao Brasil, já que ele e a família estão estabilizados morando na Itália. Para Evandro, o momento é de reflexão e de buscar atividades, dentro de casa. Ele fala que o mundo vive um momento de vácuo social, mas também um momento de muito aprendizado.

Confira um vídeo gravado por Evandro