Caxias do Sul

Restos de tatu e javali são encontrados em contêiner de lixo orgânico em Caxias

Restos dos animais estavam em contêiner de lixo orgânico (Foto: Maicon Rech)
Restos dos animais estavam em contêiner de lixo orgânico (Foto: Maicon Rech)

A caça e o abate desenfreado de alguns animais como o javali passa, por vezes, despercebido da maioria das pessoas. Comum no interior da Serra Gaúcha e nos Campos de Cima da Serra, a utilização de algumas técnicas para captura, afeta também outras espécies.

Na manhã desta quinta-feira, dia 23, uma cabeça de javali foi vista no meio da rua Dr. Montaury, quase esquina com a rua São José, na área central de Caxias do Sul. O fato chamou a atenção de quem passava pelo local, mas a parte do animal logo foi retirada.

Restos dos animais estavam em contêiner de lixo orgânico (Foto: Maicon Rech)

Porém, dentro de um contêiner de lixo orgânico, foram encontrados restos do porco-bravo: couro, patas e até algumas vísceras. Além disso, um casco e uma cabeça de tatu – espécie nativa com caça proibida e pena prevista de seis meses a um ano de detenção e/ou multa.

Havia sangue, provavelmente dos animais, na calçada ao lado do contêiner. Isso indica que ele tenha sido transportado e depositado ali. Até mesmo se supõe que o “caçador” possa ter cortado algumas partes dos bichos no passeio público.

Vestígios de sangue na calçada da Dr. Montaury (Fotos: Maicon Rech)

O caso foi informado à Patrulha Ambiental, Patram, da Brigada Militar.

Amplo debate

Conforme o sargento Paulo César Rodrigues dos Santos, comandante da Patram, o javali tem o abate legalizado, embora ainda se discuta a forma de transporte do animal, o que se torna uma questão sanitária. Um dos problemas enfrentados por outras espécies é que, mesmo em período de reprodução, a captura do porco-bravo é permitida, o que afeta os outros animais silvestres.

Não existe previsão de caça do tatu, animal nativo.

Legalização sem conhecimento de campo

De acordo com Santos, “o órgão ambiental legalizou a caça do javali e não fez uma previsão de campo. Não existe o cão treinado que só persegue o javali. O órgão liberou a caça do javali com a utilização de cachorros. Mas, existem centenas e centenas de cães na Serra e no estado que estão soltos, perseguindo todo e qualquer animal da fauna silvestre, seja réptil, mamífero, que não tenha possibilidade de fuga. Esses animais vão ser pegos pelos cães, como é o caso do tatu. Não existe como fiscalizar. O correto seria acabar com a utilização dos cães para caça do javali”, diz.

Maus-tratos

Diversas ONGs de proteção animal e protetores independentes já se pronunciaram em diversas ocasiões, em todo o país, sobre alguns casos de maus-tratos com os cães utilizados como armas pelos caçadores de javali, principalmente.

Manejo e controle do javali

No site do Ibama há uma cartilha que determina o manejo e o controle da espécie, Confira clicando aqui.