Trânsito

Raio-X das Estradas: No Carnaval, rodovias da Serra Gaúcha desfilam buracos e perigos

Equipe do Portal Leouve passou pelas principais vias e conferiu a situação

Foto: Cristiano Lemos/Grupo RSCOM
Foto: Cristiano Lemos/Grupo RSCOM

A reportagem do Portal Leouve foi para as estradas da Serra Gaúcha para confirmar aquilo que já era esperado: as péssimas condições de trafegabilidade. Os motoristas que precisam utilizar as rodovias serranas diariamente sofrem com o abandono, matagal, buraqueira e falta de segurança.

Passamos por Rota do Sol, BR-470, VRS-813, ERS-122 e demais estradas importantes para ligações entre as cidades e a Região Metropolitana de Porto Alegre, além de todo escoamento da produção, ainda mais na época da vindima e véspera do Carnaval, onde o fluxo de veículos aumenta consideravelmente.

CAXIAS DO SUL

O trecho urbano da Rota do Sol, ERS-122, em Caxias do Sul concentra um grande número de buracos e desníveis na pista, levando os motoristas a trafegarem no acostamento em alguns trechos. Alguns dos buracos presentes no perímetro entre o acesso ao bairro Santa Fé e o viaduto torto foram cobertos pelos próprios usuários da rodovia com entulhos, mas onde fecha um, abre outro.

É caso do acesso a um posto de combustíveis no km 73, no qual há quatro crateras, duas antes da entrada cobertas com entulho e outras duas após a entrada, estas abertas, oferecendo risco aos condutores.

Entre Caxias do Sul e Farroupilha, os buracos não são o maior problema, mas sim o matagal que toma conta das margens da pista. Nos locais de retorno dos automóveis a visibilidade fica comprometida, gerando um perigo iminente de acidente de trânsito. Em alguns locais a vegetação passa de 1,5m de altura, se igualando ou superando as próprias placas de sinalização da rodovia.

“Para atravessar a faixa a gente não vê nada, ‘tem que’ jogar o caminhão e contar com a sorte”, conta o motorista Fábio Martins de Arruda.

ERS-122 (Foto: Ricardo Gatelli/Grupo RSCOM)

Já a BR-116, entre São Marcos, Caxias do Sul e Vale Real, registra pequenos buracos em trechos isolados. A ERS-452, entre Vale Real e Feliz, a realidade é diferente. Próximo ao acesso da Estrada Municipal do Vinho, ainda em território caxiense, é uma calamidade. O escoamento de água logo ao lado de onde houve a retirada de terras de um terreno particular provocou uma série de buracos que transformam em muito perigoso um espaço de pouco mais de dez metros.

FARROUPILHA

Em Farroupilha a situação da ERS-122, principal ligação da cidade com Caxias do Sul e com a RSC-453 em direção ao litoral, está caótica no Km 60. O trecho de aproximadamente 500 metros entre os semeóforos do trevo da Tramontina e da entrada do bairro Industrial está, há anos, esquecido pelas autoridades. São diversos buracos e desníveis que chegam a 30 centímetros de altura. Não são poucos os relatos de condutores que tiveram pneus furados e rodas danificadas no trecho.

ERS-122, em Farroupilha (Foto: Cristiano Lemos/Grupo RSCOM)

Um dos condutores abordados pela reportagem foi enfático ao falar sobre a situação da rodovia. Ele usou o termo  abandono.

“Parece que o pessoal não se importa, ninguém quer saber da situação. Eu moro aqui perto, passo por isso todos os dias. Agora parece que querem botar pedágio né? Será que poderemos parar de pagar IPVA então? Porque temos que pagar tanto se não há retorno?”, disse.

BENTO GONÇALVES E VALE DOS VINHEDOS

Na BR 470, principal rodovia que cruza o município de Bento Gonçalves e segue ao Rio das Antas, conta com um caminho com curvas sinuosas, mas com estrada bem sinalizada e sem estragos como é visto em outros locais. O trânsito já nesta sexta-feira (21) apresentou grande movimento de veículos.

No caminho que leva ao Vale dos Vinhedos, na ERS-444, a estrada é mais tranquila, com trânsito de turistas na maior parte do dia. Um dos problemas no local é o excesso de velocidade, porém, no trecho, há diversas placas orientando o condutor a reduzir, principalmente pelo intenso tráfego de caminhões nessa época que transportam a safra da uva.

VRS-855, em Pinto Bandeira (Foto: Isa Severo/Grupo RSCOM)

Nos limites entre Bento Gonçalves e Pinto Bandeira é necessário passar pela ERS 444 entre o Barracão onde existem vários buracos. Já na região de Pinto Bandeira, a VRS-855 apresenta diversos remendos e buracos que podem causar acidentes. Outro problema da via está na falta de sinalização às margens da rodovia.

Um caminhoneiro de Caxias do Sul, Jorge Menin, que trafegava pela VRS-855, comenta indignado pela situação da rodovia.

“Absurdo! A noite fica ainda pior, porque a curva é apertada, esburacada, sem iluminação. Nós caminhoneiros sabemos como é difícil trabalhar assim”, diz.

GARIBALDI E CARLOS BARBOSA

Garibaldi e Carlos Barbosa, duas cidades importantes no setor de produção e geração de recursos para o Estado, seguem enfrentando problemas de infraestrutura de estradas. Uma das principais rodovias que cortam a região, a RSC-453, enfrenta diversos problemas, principalmente entre os km 102 e 108, entre o acesso ao bairro Tamandaré, em Garibaldi e o entroncamento da ERS-444, em Bento Gonçalves.

No trecho, a falta de pintura na pista de rolagem, somada a alta vegetação das margens e o alto índice de buracos trazem riscos consideráveis aos motoristas. Ainda, o trevo de acesso ao Bairro Tamandaré é um local de extremo perigo aos motoristas. Muitos acidentes graves são verificados constantemente no local.

Também, a VRS-813, via secundária que liga as cidades de Carlos Barbosa, Garibaldi e Farroupilha sofre de um problema crônico. Há anos a estrada está em situação deplorável. A quantidade de buracos torna o trecho praticamente intransitável.

VRS-813, ligação de Farroupilha com Garibaldi (Foto: Felipe Vicari/Grupo RSCOM)

Um morador de Desvio Machado comentou sobre como é viver às margens da rodovia.

“Olha, o pessoal tem que fazer uma malabarismo. Tem que se cuidar, perto do Desvio Blauth tem buracos que estragam mesmo. Já teve gente que parou na minha casa, a noite, pedindo ajuda para trocar pneu. A noite, com chuva então, fica ainda pior. Eu moro aqui a 74 anos, e teve épocas que a estrada era boa, mas nos últimos anos piorou demais”, relatou.

PEDRAS

Outro problema está na RSC-486, na região de Itati. Quem se desloca para o litoral encontra, há oito meses, pedras caídas na cabeceira do viaduto da Cascata. O Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), em nota, informou que os trabalhos seguem em fase de orçamento e terão início assim que houver a definição dos valores e dos recursos disponíveis.

Ainda conforme a autarquia, as rochas serão retiradas durante os serviços de contenção do maciço, mas seguem no local, mediante orientação técnica, para amortecer eventuais novas quedas de barreiras.

Confira uma galeria de fotos das estradas:

ERS-122 (Foto: Ricardo Gatelli/Grupo RSCOM)
ERS-122 (Foto: Ricardo Gatelli/Grupo RSCOM)
ERS- 122 (Foto: Ricardo Gatelli/Grupo RSCOM)
ERS-122 (Foto: Ricardo Gatelli/Grupo RSCOM)
ERS-122 (Foto: Ricardo Gatelli/Grupo RSCOM)
ERS-122 (Foto: Ricardo Gatelli/Grupo RSCOM)
ERS-122 (Foto: Ricardo Gatelli/Grupo RSCOM)
ERS-122 (Foto: Cristiano Lemos/Grupo RSCOM)
ERS-122 (Foto: Cristiano Lemos/Grupo RSCOM)
ERS-122 (Foto: Cristiano Lemos/Grupo RSCOM)
VRS-855 (Foto: Isa Severo/Grupo RSCOM)
ERS-444 (Foto: Isa Severo/Grupo RSCOM)
VRS-855 (Foto: Isa Severo/Grupo RSCOM)
BR-470 (Foto: Isa Severo/Grupo RSCOM)
VRS- 813 (Foto: Felipe Vicari/Grupo RSCOM)

Reportagem: Cristiano Lemos, Isa Severo, Felipe Vicari e Ricardo Gatelli

Produção: Lilian Donadelli

Coordenação: Maicon Rech