Ao contrário do que a Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (Codeca) sempre apresentou e orgulhou a cidade com trabalho, lucro e exemplo de modernidade para o Brasil, o passado recente tem sido de tropeços da empresa de economia mista. Nos últimos quatro anos, a autarquia apresentou prejuízo acumulado de R$ 22,9 milhões. O grande estopim foi em 2019: em apenas 12 meses, o deficit alcançou a marca de aproximadamente R$ 14 milhões. O último ano de lucro foi 2015: R$ 136.325,32.
Mas, como isso aconteceu com a Codeca? De acordo com o presidente da Companhia, Nestor Basso, a falta de contratação da empresa em preferência a terceirizados na gestão passada foi um dos pontos que contribuiu para o péssimo desempenho financeiro da autarquia.
“É difícil eu falar pelos outros, mas podemos dizer que com isso a Codeca perdeu muita essência. Se tivéssemos mantido aqueles contratos todos, com reajustes de tanto em tanto tempo e custos, quando tem acréscimos, já previstos, se isso tivesse sido feito com regularidade, teríamos menos dificuldades hoje, com certeza”, diz.
Para tentar dar a volta por cima e iniciar a retomada dos bons números da companhia, a Codeca está trabalhando em um Plano de Recuperação. O projeto deve ser concluído na próxima semana. Nele, há pautas como: expandir a área comercial e ajustar os preços ao padrão atual para reequilibrar a saúde financeira da empresa. Além disso, há a possibilidade que a Codeca possa solicitar um aporte financeiro dos cofres da prefeitura de Caxias do Sul. Quanto a isso, Basso é claro: “Não é uma questão fora de horizonte”.
Segundo o presidente da autarquia, a proposta será colocada na mesa de Flávio Cassina e da Câmara de Vereadores.
“O estudo que estamos fazendo sobre a saúde financeira da Codeca abrange todos os aspectos, desde curto, médio e longo prazo, até a possibilidade de negociar com o município um aporte financeiro. Temos compromissos intransferíveis. Salários, combustível, uma série de questões que não se pode deixar de pagar. Temos muita dificuldade. Vamos colocar na mesa do município e da Câmara às alternativas da Codeca para que sejam feitas operações sem sobressaltos”, conclui.
Alternativa
Uma das formas que recuperar ao menos R$ 4 milhões de maneira imediata para os cofres da Codeca, é a revisão de valores de obras já entregues ao município. De acordo com Luis Felipe Burtet, diretor financeiro da autarquia, o valor é referente a reajustes que deveriam ter sido feitos antes ou durante os processos. São valores que a prefeitura deve para a Codeca.
Na contramão
Enquanto a Codeca espera receber os valores das obras já realizadas e buscar novos contratos, enxugar a folha e melhorar os procedimentos tecnológicos para ampliar o lucro da autarquia, uma perda de R$ 4 milhões já é esperada. Estes números são referentes a ações trabalhistas. Ainda, há um acordo coletivo provisório com os sindicatos que representam categorias (Limpeza Rodoviários e Construção Civil) válido por 90 dias. Após este prazo, será conduzida uma negociação com os sindicatos dos trabalhadores também sobre o plano de recuperação.
Equipamentos sucateados
Conforme o gerente de operações da Codeca, Renato Riva, no último ano apenas três novos caminhões foram adquiridos para a autarquia. O ideal, de acordo com o responsável, seria a troca de 10 caminhões por ano. O desgaste da frota faz com que aumente o custo com a manutenção dos caminhões.
Abraçando Daer e Dnit
Como uma forma de angariar recursos e auxiliar na segurança dos moradores de Caxias do Sul e motoristas, a Codeca vem se apresentando aos órgãos (estadual e nacional) como apta a realizar os trabalhos de recuperação da malha viária e capina dos matagais nos canteiros e laterais das rodovias. Como exemplo, a Codeca poderia, por R$ 33 mil (contabilizando lucro), tapar os buracos da Rota do Sol entre o Viaduto Torto e a BR-116, trecho extremamente crítico para trafegabilidade por conta das crateras, rachaduras e desníveis. Porém, para que isso aconteça, a prefeitura e o Estado precisam chegar a um acordo de cooperação, já que a responsabilidade do trecho é estadual. Da mesma foram, existem conversas com o Departamento Nacional de Infraestrutura (Dnit) sobre a manutenção de trechos urbanos da BR-116.
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