Opinião

Entre o certo e o conveniente, estamos optando pelo errado

Entre o certo e o conveniente, estamos optando pelo errado

 

 

Temos vivido – e sobrevivido – à base de questões falsas. Não, não é isto, temos sido alimentados por questões que é preciso discutir, mas que infelizmente sabemos, não passarão da retórica e das acusações sem punições ou então com punibilidade que não corrige e não põe nada no prumo. Queríamos ao menos ter a esperança de que a Justiça prosperasse.

Vejam a discussão e votação na Câmara Federal hoje sobre as denúncias contra o presidente Temer. Todo mundo ouviu as gravações e viu o assessor Loures, amigo íntimo do presidente, correndo com uma mala cheia de dinheiro. Assim como todo mundo já havia visto o assessor de Aécio pegando dois milhões de reais de “empréstimo” junto aos irmãos Batista. E ontem se viu ainda o mafioso Sérgio Cabral dizer que o dinheiro não era de propina e sim de caixa dois, com a maior naturalidade, como se as coisas não se fundissem. Pelo menos este está na cadeia. Pelo menos Lula está condenado. Mas há muitos outros que merecem o mesmo fim.

Não haverá voto suficiente para permitir que o STF aprecie as denúncias contra o presidente Temer. Mas isto não quer dizer que ele seja inocente. Sua credibilidade está para lá de abalada. Pior, sua salvação está custando caro às metas de austeridade que este próprio governo estipulou para si e para nós.

A verdade e que houve, por muitas décadas, uma intolerável tolerância para com o mal feito. Em que o jeitinho brasileiro prosperou de maneira criminosa e permitiu que uma enorme massa de servidores, eleitor ou não, se servissem da coisa pública como se ela não pertencesse a ninguém, como se ninguém fosse pagar esta conta. A conta está sendo paga na forma de deterioração da Petrobrás, do estado pré-falimentar dos fundos de pensão, de uma  segurança pública completamente desestruturada, de estradas mal conservadas e hospitais caindo aos pedaços.

Chegamos ao ponto, mais uma vez, em que a conveniência pesará mais do que a ética. O certo dará lugar ao possível. Isto não ocorre só em Brasília, bom lembrar. Dizem que o país não aguenta mais uma ruptura e parece que vai se acomodar naquela situação em que continuará assistindo a uma sangria sem fim, porque não é possível parar e recomeçar do zero. Até quando?