Talvez o grande sonho da maioria das pessoas ainda seja viver um amor perfeito. Sim, todos querem (queriam) viver em um relacionamento dos sonhos.
Como nos filmes de príncipes e princesas, viver o tal conto de fadas fazia parte dos pensamentos de grande parte dos hoje adultos dados como ‘carentes’…
Entretanto, ao crescermos acabamos por perceber que não existe essa coisa toda do amor e da doçura eterna…
Muito antes pelo contrário, o relacionamento que hoje dá certo é justamente aquele que resiste as imperfeições. Uma vez ouvi que o amor verdadeiro é reconhecido no instante onde reconhecemos que encontramos o nosso contraponto em outro alguém. Um tipo de quebra-cabeça bem complicadinho de se montar, mas que prova que são estes desníveis de comportamento é que fazem as coisas darem certo.
O amor perfeito de hoje é aquele que auxilia no dia do auge da TPM, naquele dia onde o chefe não estava de bom humor, no dia em aquele ente querido partiu, ou ainda, no mês que faltou a grana para pagar aquela conta que não poderia atrasar…
O relacionamento que se sustenta hoje em dia é aquele que supera todos os ‘comportamentos’ que eu ‘detesto’ nela, entretanto que só acontece quando ‘eu faço aquilo que ela odeia’…
Pode até parecer engraçado, e de fato muitas vezes é, mas a grande verdade é que as relações que param pelo caminho são aquelas que não resistem a perfeição. Sério. As pessoas que em algum momento não tem uma opinião contrária, um contraponto aquele mau-humor de um sábado qualquer, acabam por criar uma linha de raciocínio tão perfeita que incomoda, dando a sensação de que nunca está errado mesmo quando está.
Ok, evitar uma discussão é sempre válido, mas omitir-se de dar uma opinião ou deixar de ter o ‘SEU’ tempo para processar as suas angústias e pensamentos, pode ser fatal para o principal relacionamento que devo ter em sintonia: O relacionamento comigo mesmo.
Zerar a nossa conta. Estar de bem consigo mesmo para dedicar-se a quem escolhemos para ter ao nosso lado é fundamental.
Por muitas vezes eu mesmo não acreditava neste percentual de individualidade que hoje julgo ser tão necessário para se viver ao lado de quem a gente ama.
Estas, talvez, ‘manias’ ou ‘comportamentos’, são justamente os fatores que fazem darem certos estes milhões de relacionamentos imperfeitos que existem por aí…
Dia destes conversava com meu avô. Ele tem 85 anos, casado a 60 com a minha avó. Perguntei qual era o segredo de estarem juntos a tanto tempo, resistindo as mudanças impostas pela sociedade, tecnologia, criação dos filhos…
Disse ele: “- As diferenças!” E é fato, são nas capacidades diferentes que temos que completamos o nosso par.
Ahhh que clichê, você pode estar pensando, mas já havia analisado que é devido a esta ‘surrada’ frase que até hoje alguns relacionamentos que você viveu não deram certo???
De tão óbvio, que você não se deu o trabalho de pensar que o motivo daquela discussão que acabou com o seu ‘sonho de um relacionamento perfeito’ foi justamente aquele que determinou o fim de uma relação tão imperfeita que poderia estar sendo vivida até hoje???
Pois é, talvez isto seja reflexo de uma maturidade, às vezes tardia, que nos ensina que os aspectos antagônicos de uma relação são aqueles que irão sustenta-la. Enaltecer as qualidades, exercer uma ‘resiliência’ aos aspectos que ‘não me agradam tanto assim’ e fortalecer aí sim, o amor.
Acreditar sim, que não é o fato de ser imperfeito que vai determinar que uma relação não ‘dê certo’, e sim, justamente o que vai fazer com que ela resista, cresça, mantenha-se e sirva até mesmo de exemplo, que só amor não sustenta a relação, mas a forma de se relacionar pode sim ser determinante para que este sentimento se fortaleça.
Viva as imperfeições de relacionamentos que de tão diferentes se completam.
FB