Bento Gonçalves

Viagem pela América do Sul: ciclista de Bento tem sonho pausado após assalto

Viagem pela América do Sul: ciclista de Bento tem sonho pausado após assalto


Um objetivo uma bicicleta e um destino foi o que levou o bento-gonçalvense Felipe Ricardo Belitzki, 31 anos, a colocar o seu projeto da infância em prática. Foram 20 dias de viagem dos quatro meses planejados, interrompidos devido a um grande imprevisto no caminho do ciclista.

Felipe conta que há cerca de 10 anos vinha se preparando e reunindo os equipamentos necessários para viajar pelo Sul do Rio Grande do Sul, Uruguai, Argentina e Chile. Neste ano, ele resolveu colocar em prática. Com todos os utensílios na bicicleta: bolsas laterais (alforges), barraca, sacos de dormir, fogareiro e panelas, roupa de frio e ferramentas básicas, decidiu: vou para a aventura.

A região que o ciclista desbravaria é de frio extremo, e ele precisava de equipamentos de qualidade pra poder acampar em qualquer condição climática. Enfim, chegou o dia 18 de setembro. Belitzki começou o trajeto, com tudo registrado em seu perfil no Instagram chamado “Rutas Latinas”.

Um dia depois, após pedalar quase 110 quilômetros, chegou em Lajeado Grande. No dia seguinte a parada foi em Osório, onde ficou em um amigo e aproveitou para descansar após a exaustão. Assim ele seguiu o caminho, passando por São Simão, Bojuru, Rio Grande, chegando no Uruguai, sempre se surpreendendo pela recepção de amigos e pessoas que o recebiam com um prato de comida, ou até mesmo espaço para descansar.

“Ganhei comida e abrigo em algumas ocasiões. Como por exemplo o Seu Rogério da cidade de Osório e o Denis na cidade de Rio Grande. Ambos me hospedaram onde fiz um dia de descanso e pude lavar a roupa. Descobri que existe muita gente boa no mundo ainda, muito mais do que pessoas ruins, afinal muitas me ajudaram pelo caminho”, diz.

Felipe contraiu uma virose e precisou ficar quatro dias em repouso na praia de La Pedrera e, então, seguiu viagem até o sábado (5) onde, infelizmente, já em Montevideo na Ruta 01 ele teve a bicicleta e todos os pertences roubados. Apesar de todos os percalços, ele afirma que não irá desistir.

“Retornar, difícil dizer agora. Se eu tivesse o poder de juntar tudo que eu preciso sairia amanhã, mas isso é impossível. O maior problema é adquirir novamente todo equipamento perdido. O custo é alto e nem sempre fácil de encontrar, até por não ser um estilo de vida habitual dos brasileiros. Além disso existe o trabalho e a questão climática que influenciam na hora de pensar numa nova partida”, afirma Felipe.

O ciclista compartilhou os desafios que passou pelo caminho como os locais para ficar.

“Na cidade de Punta Balena no Uruguai em um camping no qual eu pretendia ficar estava fechado. Neste dia fiquei um pouco tenso sem saber onde iria dormir, até que um senhor cedeu o pátio da sua casa para que eu pudesse acampar com um mínimo de segurança. O maior problema de acampar não são os lugares inóspitos, mas sim os habitados por humanos, existem mais riscos de assaltos”, conta.

Ele ainda falou sobre sua felicidade durante os 20 dias que realizou o trajeto e suas pretensões daqui para a frente.

“Particularmente tive a certeza de que eu quero realizar esse sonho, pois realmente estava sendo conforme eu esperava. Esse contato com as pessoas, a cultura, uma nova língua e com a natureza é o que eu buscava. Quando eu tiver tudo novamente poderei planejar a saída. Gostaria que fosse ainda neste verão, porém sei da dificuldade, mas já existe um plano para que o retorno aconteça” afirma.

Mesmo com a falta de segurança, imprevistos e percalços, Felipe sabe que nutre o desejo pela aventura e, ainda pensa em retornar. Afinal, um sonho de criança nunca pode ser deixado para trás, por mais difíceis que as situações pareçam ser.

(Fotos: Redes Sociais/Divulgação)