Caxias do Sul

Mulher denuncia Samu por omissão de socorro em Caxias do Sul

Mulher denuncia Samu por omissão de socorro em Caxias do Sul


Suzana de Oliveira Giasson, 40 anos, procurou a Polícia Civil na tarde dessa terça-feira (3) para registrar uma ocorrência por omissão de socorro do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). De acordo com Suzana, o Samu teria negado atendimento para sua mãe, Maria Noeci Rosa de Oliveira, 71 anos, na última quinta-feira (29), resultando na morte da genitora no dia seguinte devido a complicações pela falta do atendimento médico.

Suzana conta que por volta das 23h da quinta-feira (29) recebeu uma ligação informando que sua mãe havia caído dentro de casa.

“Eu estava em casa quando recebi a ligação da minha mãe dizendo que havia caído em casa e precisava de ajuda, pois não conseguia se levantar. Então, antes mesmo de chegar na casa dela, eu já acionei o Samu, por ela ser uma pessoa idosa qualquer acidente já causa um estrago bem grande, mas recebi a primeira negativa do Samu. Eles me disseram que o caso dela não era de urgência e deveríamos colocar ela em carro e levar para o hospital, mas onde ela mora é um local de difícil acesso e precisaria de uma ajuda profissional para retirar ela de lá sem que sofresse nenhuma lesão.

Quando cheguei na casa da mãe, vi como estava a situação, coloquei ela em uma posição mais confortável, porém não mexi muito nela porque poderia ter sofrido alguma lesão na coluna. Liguei mais uma vez, dessa vez assumo que já estava alterada por toda situação, e recebi a segunda negativa do serviço. Desta vez, a atendente disse que não iriam, pois como informado na primeira ligação o caso não era de urgência e desligaram o telefone. Ela ainda teve mais algumas complicações durante a noite, mas não conseguíamos tirar ela de casa com segurança.

No dia seguinte, por volta das 16h30min, liguei novamente para o Samu. Desta vez, enviaram uma ambulância comum para o atendimento com uma enfermeira, que realizou os primeiros socorros. Então, viu a necessidade e acionou uma ambulância U.T.I. Móvel. Ainda pediram para nós esperar a outra ambulância em frente à Marcopolo do bairro Planalto. Quando a ambulância chegou já era tarde. A mãe começou a ter paradas cardíacas, foram duas. No hospital, vieram 2 ou 3 médicos para atender ela, mas se não era caso de urgência ontem, porque tanta preocupação hoje? Já era tarde, ela não resistiu”, explica Suzana.

Emocionada, Suzana ainda desabafa que “a gente é pobre. Você não sabe o que é ver a sua mãe morrer nos seus braços. Não quero dinheiro. Quero justiça.”

A assessoria de imprensa da Secretaria da Saúde de Caxias do Sul, que gerencia o Samu, forneceu a versão sobre o fatos por meio de nota à imprensa.

Segundo registros do Samu, a usuária acionou o serviço em 29/8, às 23h09. Nesta ocasião relatou que a mãe, Maria Noeci de Oliveira, apresentava vômito desde o período da tarde e dificuldade para caminhar há dias. O médico regulador orientou que a usuária levasse a paciente para uma avaliação médica. A ambulância do Samu não foi enviada porque, pelos sintomas descritos pela usuária, naquele momento, não se tratava de uma situação de urgência, com risco iminente de morte, casos em que o Samu presta atendimento.

No dia seguinte (30/8), passadas quase 18 horas desde o o primeiro contato, por volta das 16h40, a usuária acionou novamente o Samu. Pelo relato, a equipe constatou tratar-se de um caso de urgência. Imediatamente, a ambulância do serviço foi enviada para socorrer a paciente.

O Samu reitera que ambos os atendimentos foram prestados seguindo-se os protocolos de saúde que regram o serviço e com o devido zelo e cuidado à vida. Quanto ao registro da ocorrência policial, a Secretaria Municipal da Saúde coloca-se à disposição das autoridades para auxiliar no esclarecimento dos fatos.

Lesão corporal

Lorita Vargas Gioti, 58 anos, também registrou uma ocorrência contra o Samu devido a negligência no atendimento. A denunciante é cardiopata e solicitou o atendimento por estar sentindo-se mal.

Lorita conta que a atendimento do auxiliar de enfermagem foi grosseiro. “Ele me botou sentada na ambulância e pressionava minha cabeça. O atendente me apertou forte contra o peito, deixando hematomas no lado esquerdo do tórax. Além disso, ele não me ajudou a descer da ambulância tive que sair me arrastando” conta a vítima.