Pode ser definido como o primeiro grande encontro de trabalho, mas também como uma forma de sensibilização do grande grupo, o encontro – também ao público em geral – realizado na noite de quinta-feira pelo Bento + 20. O organismo é um conjunto de comitês criado por lei este ano e presidido pelo engenheiro civil representante da Ascon Vinhedos, Milton Milan.

O presidente do CIC, Elton Gialdi, deu boas vindas aos participantes, um público superior a cem pessoas e destacou estar vendo muita gente pela primeira vez naquele ambiente. A seguir, Milan fez um breve resumo sobre as atribuições, propósitos e formatação com dez câmaras temáticas do grupo. A sensibilização veio na forma de exibição de vídeos com cenários de futuro possíveis com a evolução da tecnologia em diversos ambientes como mobilidade humana, infraestrutura das cidades e medicina.

A ideia foi apresentar o conselho – formado por cerca de 27 entidades da sociedade civil organizada e pelo poder público – à sociedade, num chamamento para que ela participe dos rumos da cidade.

As Câmaras temáticas são na áreas de Urbanismo, Mobilidade Urbana e Infraestrutura, Tecnologia, Inovações e Empreendedorismo, Saúde, Segurança, Cidadania, Educação, Turismo e Cultura, Indústria, Comércio e Serviços, Meio Ambiente e Rural. “Para ter um desenvolvimento harmonioso, é preciso que as câmaras se comuniquem entre elas”, disse Milan.

Entre os objetivos das câmaras, além de acharem soluções para cada segmento, está também o de incorporar os 17 objetivos de desenvolvimentos sustentáveis (ODS) da ONU. E será necessário que elas dialoguem entre si a fim de que seja construído um “masterplan” apontando a cidade que se deseja.

Mas a novidade da noite ficou por conta da engenheira civil e diretora da Biossplena Inteligência Urbana Giovana Ulian, para quem as cidades devem ser compactas, complexas e coesas. Ela ainda entende que mais do que a cidade que queremos, é preciso entender a cidade que precisamos”. A empresa de Ulian, a BiossPlena, presta consultoria em planejamento urbano a diversas cidades, de Bossoroca a Joinvile ou Lajeado. Ela ainda trouxe exemplos de planejamento urbano de cidades como Uberlânida, Barcelona, Vancouver ou Londres. Em regra, o caminho por ela apontado é que as cidades devem ser coesas, tendo diversas atividades nas mesmas regiões de forma a encurtar distâncias e com isto “criar tempo” para as pessoas.

Mesmo com toda a experiências e exibição didática, não se pode dizer que as as ideias de Ulian sejam recebidas com unanimidade. Lá pelas tantas disse que gostaria de ver o Vale dos Vinhedos mais ocupado, com mais gente vivendo na localidade – que praticamente afronta a ideia de preservação e conformação de destino turístico puro do local.

Para ela, as cidades são sistemas complexos e precisam ser analisadas sob o tripé tecnologia/inovação, políticas públicas e visão de futuro. Para isso, é preciso ter acesso ao máximo de dados possíveis do município, gerar indicadores, diretrizes e cenários e plano de desenvolvimento – que é o masterplan. “O que é planejamento? É consenso”, disse Giovana. “Não existe certo ou errado, existe definir uma direção e todos seguirem para esse lado”.