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Bolsonaro diz que 'grupo terrorista' matou pai de presidente da OAB

(Foto: Evaritos Sa / AFP)
(Foto: Evaritos Sa / AFP)

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira, por meio de suas redes sociais, que o opositor do regime militar e pai do atual presidente da OAB, Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, foi morto durante a ditadura militar pelo “grupo terrorista” Ação Popular do Rio de Janeiro, e não por militares.  A Comissão da Verdade reafirma que Santa Cruz foi morto por agentes da ditadura.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, exibiu repúdio ao comentário do presidente e afirmou que irá acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para que Bolsonaro se explique e fale o que sabe sobre a morte de seu pai.

Bolsonaro afirmou que se o presidente da OAB quisesse realmente saber como o pai morreu, ele contaria. Após essa declaração, Felipe Santa Cruz afirmou que o presidente é cruel e não separa o pessoal do profissional, o público do privado. Até mesmo a OAB postou uma nota de repúdio à declaração do presidente:

“Apresentamos nossa solidariedade a todos as famílias daqueles que foram mortos, torturados ou desaparecidos, ao longo de nossa história, especialmente durante o Golpe Militar de 1964, inclusive a família de Fernando Santa Cruz, pai de Felipe Santa Cruz, atingidos por manifestações excessivas e de frivolidade extrema do Senhor Presidente da República”, escreveram os diretores da OAB em trecho da nota.

Comissão da Verdade

A Comissão Nacional da Verdade reafirma que Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira foi dado como desaparecido em 1974 e foi “preso e morto por agentes do Estado brasileiro”. Ainda segundo a comissão, Santa Cruz nunca foi encontrado, seus restos mortais não foram entregues à família até hoje.

O relatório final da comissão ainda diz afirma que o corpo de Santa Cruz foi incinerado na Usina Cambahyba, em Campos dos Goytacazes (RJ). O fato foi confirmado em 2014 pelo ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS-ES), Claudio Guerra.