Caxias do Sul

Vereadores divergem sobre votação de denúncia que pedia o impeachment de Guerra

Votação terminou antes do esperado e com cinco votos favoráveis a admissibilidade (Foto: Maicon Rech)
Votação terminou antes do esperado e com cinco votos favoráveis a admissibilidade (Foto: Maicon Rech)

No dia em que a Câmara completa 125 anos de atuação em Caxias do Sul, os vereadores rejeitaram a segunda denúncia que pedia o impeachment do prefeito Daniel Guerra. A sessão ordinária desta terça-feira, dia 26, contou com a presença de cerca de 30 pessoas com faixas e cartazes favoráveis ao gestor. O pedido foi protocolado pelo vice-prefeito Ricardo Fabris de Abreu.

Votação terminou antes do esperado e com cinco votos favoráveis a admissibilidade (Foto: Maicon Rech)

A votação não teve declarações e foi direta: 16 votos contrários ao pedido, cinco favoráveis e uma abstenção. Esta, inclusive, foi do parlamentar Kiko Girardi (PSD), mesmo partido de Fabris, que abandonou o plenário no momento de registrar o voto.

Elói Frizzo (PSB), Rafael Bueno (PDT) e a bancada do PTB, formada por Flávio Cassina, Adiló Didomênico e Alceu Thomé votaram favoráveis a admissibilidade. Para Frizzo, a Câmara se acovardou nesta sessão.

“Diferente do processo anterior, baseado em denúncias de artigos de jornal, de vereadores na Câmara, esse encaminhado pelo vice-prefeito ele tem razões jurídicas fundamentadas. Eu entendo que os itens apontados na peça, tem embasamento legal, jurídico e politico. Portanto, admitir a simples análise do processo, seria o normal. Mas, eu digo com toda a honestidade, hoje, lamentavelmente, a Câmara está se acovardando”, salienta Elói.

Rafael Bueno (PDT) segue a mesma linha de Frizzo. Segundo o parlamentar, até o final de semana passado, 15 vereadores estariam aptos ao voto favorável, o que acabou não se confirmando.

“A Câmara de Vereadores deu um péssimo exemplo no dia que comemora 125 anos de histórias no legislativo caxiense. Todos os itens ali expostos, foram procedentes pela Justiça. A Câmara votando contrário do prefeito vir aqui se justificar, é dizer que a justiça está errada também dos atos. Ficaram (vereadores) em cima do muro, se acovardaram e decidiram votar contrário. Pelo que a gente estava escutando e ciente pelo que se conversava, nós tínhamos votos de sobra, tínhamos 15 votos de parlamentares. Hoje, a gente escutou somente de 5. Nós estamos dando um aval para um procedimento que veio aqui na Câmara e os vereadores disseram que não, não temos que fiscalizar, que é uma das premissas dos vereadores, que é fiscalizar o poder executivo. A Câmara se acovardou e muitos ficaram em cima do muro”, diz Bueno.

Denúncia foi arquivada (Foto: Maicon Rech)

Chico Guerra (PRB), irmão do prefeito e líder de governo na Câmara de Vereadores, diz que o pedido de Fabris é infeliz, tendo em vista que todas os itens apontados na denúncia estão sendo analisados pela Justiça.

“Lamentavelmente ele (Fabris) trazer aqui pra casa do legislativo, é uma infelicidade tamanha porque já está na via jurídica esse caso e não tinha motivo nenhum pra trazer pra cá. Eu só não entendo a postura dele. Um tempo atrás ele veio aqui no plenário e tinha posto que estava cansado e não ia mais se envolver, não ia mais no Ministério Público (MP). E aí quando ele traz pra casa esse pedido e fica anunciando que vai pro MP, não dá pra raciocinar o que se passa na cabeça dessa pessoa. Infelizmente, acho que ele está sendo influenciado por outras pessoas e comprando essa briga desnecessária onde ele está prejudicando todos nós vereadores”, completa Chico.

O vereador Kiko, que não votou, repetiu que a denúncia protocolada na Câmara partiu de um desejo pessoal de Ricardo Fabris, sem envolvimento do PSD. O parlamentar, que havia confirmado que votaria contrário ao pedido, voltou a atrás e se absteve.

“Esse processo protocolado pelo Fabris não foi construído dentro da executiva do partido. Foi uma decisão pessoal que ele tem todo o direito. Essa discussão só veio depois do protocolo que ele fez na Câmara. Na reunião do partido não houve consenso de todos membros da direção. Eu me posicionei, como sempre me posiciono em todas as situações dizendo se sou favorável ou contra, mas com a cabeça mais tranquila, pensando e procurando as pessoas que realmente nos defendem, eu resolvi me abster justamente para não expor meu partido, os membros do partido. Divergência sempre vai haver, em todos os movimentos e o PSD não é diferente. Temos que nos unirmos para que o PSD faça aquilo que tem que ser feito, trabalhar para a população e no momento, meu mandato tem que estar direcionado a esta situação, que é trabalhar para o povo”, salienta Girardi.

A denúncia

A denúncia, formulada pelo vice-prefeito Ricardo Fabris de Abreu, tem 62 páginas e acusa o prefeito Daniel Guerra de cometer infrações político-administrativas, além de crime de responsabilidade e ato de improbidade administrativa. Os parlamentares Paula Ioris (PSDB) e Alberto Meneguzzi (PSB) foram os responsáveis pela leitura do documento externo 471/2017 na sessão ordinária desta terça.

Vereadores contra a admissibilidade

Renato Nunes (PR)
Chico Guerra (PRB)
Neri, o Carteiro (SD)
Arlindo Bandeira (PP)
Rodrigo Beltrão (PT)
Ana Corso (PT)
Gustavo Toigo (PDT)
Ricardo Daneluz (PDT)
Velocino Uez (PDT)
Alberto Meneguzzi (PSB)
Edi Carlos (PSB)
Paula Ioris (PSDB)
Renato Oliveira (PCdoB)
Edson da Rosa (PMDB)
Gladis Frizzo (PMDB)
Paulo Périco (PMDB)

*O vereador Felipe Gremelmaier (PMDB), presidente da casa, só vota em caso de empate.