Caxias do Sul

Projeto de horta altera rotina dos alunos da escola Irmão José Otão em Caxias

Estudante Luiza Teles Dalcin, 13 anos, 9º ano (foto: ricardo gatelli/rscom)
Estudante Luiza Teles Dalcin, 13 anos, 9º ano (foto: ricardo gatelli/rscom)

Ideias que dão certo. Assim, podem ser descritos os projetos executados na Escola Estadual de Ensino Médio Irmão José Otão. Um destes é a horta para os cerca de 80 estudantes do 6º e 9º ano do ensino fundamental orientados pela professora de ciências e biologia Paula Anselmi.

A ideia de fazer uma horta surgiu ainda em 2013, a partir da necessidade da professora realizar um estágio para concluir sua graduação em biologia. Um ótimo exemplo de iniciativas que saem da academia e são colocados em prática com êxito. “Eu estava na fase final da minha formação e estava desesperada, porquê precisava fazer o estágio IV. Então, a vice-diretora Loiva me deu a ideia de criar uma horta e sugeriu que eu utilizasse um espaço que estava desocupado na escola”, explicou a docente.

Aos poucos o projeto foi tomando forma, com auxílio do pai, Paula limpou o espaço e deu início às atividades. Em um primeiro momento, apenas um canteiro, hoje o espaço está totalmente utilizado e, devido ao pedido dos estudantes, outros locais da instituição de ensino começaram a ser ocupados pelas hortaliças.

“Como o conteúdo aplicado aos alunos do 6º ano é ecologia, que envolve água, ar, solo e relações ecológicas, ficou muito fácil o aprendizado com a horta. Peguei conteúdo de solo para poder ensinar a eles como funciona a irrigação, drenagem e todos os processos. Além disso, é uma chance para eles terem contato com a natureza”, explica a professora.

Paula ainda conta que o projeto mudou o comportamento e interação entre os estudantes, “com a horta, eles interagem entre si e aprendem a se ajudar. Uma das turmas do 6º ano, que não se comportou, não participa. Vai além de manejar inchada e plantar, as ações relacionadas aos vegetais, alteram o comportamento dos meus pupilos para melhor, alguns até começaram ajudar mais os pais em casa.”

O destino da colheita também é muito importante, “depois de colher as hortaliças, os alunos fazem uma espécie de feira para os professores, algumas eles levam pra casa e outras vão para o refeitório da escola”, como explica a criadora do projeto.

Inclusão

A escola Irmão José Otão atende alguns estudantes com necessidades especiais e estes não são esquecidos no projeto. É o caso da pequena Isadora, que é deficiente visual, e também bota a mão na terra. A prof. comenta que, para a Isa, foi necessário fazer algumas alterações, “criei uma floreira e plantei algumas mudas de alface para ela. Depois, expliquei que textura das folhas é diferente para ela poder se orientar.”

Isadora conta que adora trabalhar com os vegetais, “é muito legal trabalhar com essas coisas, porquê depois a gente pode levar para casa e sabe que vai comer, o que foi plantado. Eu já fazia isso na Apadev (ong que atende pessoas com deficiência visual) e adoro trabalhar na terra.” Isa ainda conta que, com a ajuda da irmã gêmea Eloísa, pretende fazer uma hortinha em casa.

Apoio da direção da escola

Assim como dito pela professora que tirou o projeto do papel, a ideia partiu da vice-diretora na época. Hoje, a gestão dos três turnos da escola é feita pela diretora Íris de Aguiar Caetano, e ela comenta que projetos como este incentivam a realização de novas iniciativas e ajudam na condução dos estudantes da Irmão José Otão. “O projeto depende da gente para ser feito, a diretoria incentiva, mas é a iniciativa tem que partir dos próprios professores”, comenta Íris.

Na questão pedagógica a evolução é visível, como explica a diretora, “eles começam e se comportar e criam a expectativa de chegar na sua vez de trabalhar na horta. Isso é muito gratificante.”