Caxias do Sul

Família vai procurar MP contra inquérito que aponta suicídio de homem em Caxias

Michelangelo foi encontrado morto dentro do próprio carro (Foto: Maicon Rech)
Michelangelo foi encontrado morto dentro do próprio carro (Foto: Maicon Rech)

A Polícia Civil, através da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), concluiu inquérito sobre a morte de Michelangelo Lummertz Cardoso, 32 anos. De acordo com o delegado Rodrigo Kegler Duarte, o caso foi remetido à justiça como suicídio.

Por outro lado, a família da vítima não acredita na versão apontada pelas autoridades e ingressará com uma ação junto ao Ministério Público (MP) para que o caso não seja concluído desta forma.

Michelangelo foi encontrado morto dentro do próprio carro (Foto: Maicon Rech)

Conforme Kegler, o inquérito policial foi baseado em uma série de fatores e evidências que foram repassadas pelo Instituto Geral de Perícias (IGP) e também em depoimentos colhidos ao longo de toda a investigação.

“Na verdade foi um conjunto de fatores, não foi um laudo em específico. Temos o laudo necroscópico, o laudo residuográfico que demonstra existência de vestígios da realização de disparos pela vítima, a perícia de local de crime e total ausência, segundo as pessoas que nós inquirimos, de uma possível motivação de alguém em praticar o homicídio desta pessoa. O que foi específico para essa conclusão de suicídio, foram a trajetória e o tipo de disparo, ambos tiros encostados, com a trajetória compatível com a autodeflagração e fundamentalmente a perícia residuográfica, que mostra que a vítima recentemente antes da morte fez uso de arma de fogo”, diz o delegado.

O corpo de Michelangelo foi encontrado no início da manhã do dia 11 de julho. Porém, a morte aconteceu durante a noite anterior. A arma que teria sido utilizada para tal, não foi encontrada. A polícia acredita que ela foi furtada.

“Exatamente. Fica a questão da arma de fogo que, provavelmente foi subtraída por terceiros. Fica bem complicado porque a vítima não tinha arma registrada no nome dela, então era uma arma provavelmente ilegal. Fica difícil de rastrear essa arma”, salienta o titular da DHPP.

O banco do motorista do carro estava todo deitado. Sobre ele, Michelangelo morto com dois tiros; um no peito e outro no pescoço. Por este e outros detalhes, a ex-companheira da vítima, Sabrina Simonetto, 27 anos, afirma que a família vai ingressar no Ministério Público para que o caso não seja arquivado como suicídio. Segundo ela, Michelangelo não apresentava nenhum sinal de depressão ou algo que pudesse levá-lo a tirar a própria vida.

“Vamos entrar com processo no Ministério Público sim, porque esse caso está muito mal contado. Não pode ficar assim. Não é possível que isso tenha sido um suicídio. Dois tiros, não acharam a arma no local, teve furto dentro do carro, cadê as coisas? Tem mais isto. Nós já estávamos comprando um imóvel novo pra nós morarmos, nosso filho de dois anos já está criado, jamais faria isso”, completa Sabrina.

O inquérito policial remetido à Justiça nesta segunda-feira, dia 18, deve ser analisado nos próximos dias. Para Rodrigo Kegler Duarte, o Ministério Público é livre para avaliar o caso e entende que a família tem todo o direito de tomar essa atitude.

“A família tem todo o direito de procurar os meios legais pra isso. Só que ainda o MP não teve tempo para analisar as conclusões da polícia. Nós chegamos a essa conclusão e o Ministério Público é totalmente livre na avaliação das provas que foram coletadas pra entender conforme a polícia entendeu, ou então, entender de forma diversa. Entretanto, o MP entendendo que o caso não é suicídio e sim, homicídio, deve requisitar as providências necessárias a polícia judiciária. Isso faz parte do procedimento criminal. Aguardo, agora, a análise do Ministério Público sobre o que está no inquérito policial”.

O caso

Michelangelo Lummertz Cardoso, 32 anos, foi encontrado morto na manhã de 11 de julho deste ano dentro do carro dele, um Astra, cor vermelha, em uma estrada de chão às margens da Rota do Sol, próximo ao bairro Santa Fé. A Brigada Militar foi acionada por volta das 8h.

Conforme a Polícia Civil, moradores relataram ter ouvido disparos de arma de fogo por volta das 21h30min da noite anterior. Pelo estado de rigidez do corpo, a perícia acredita que o fato tenha ocorrido no início da madrugada. Michelangelo foi morto com dois tiros: um na região do tórax e outro no pescoço. A chave do veículo estava quebrada na ignição e um celular foi encontrado no painel do carro.

A vítima não possuía antecedentes criminais.