Opinião

Eles tem mais gravações e mais a contar

Eles tem mais gravações e mais a contar


Desde que o ex-ministro Antônio Palocci declarou, no final de seu primeiro depoimento ao juiz Sérgio Moro que teria mais informações, informações que renderiam ao Juiz mais um ou dois anos de trabalho, aquilo ficou mexendo com a minha cabeça. Quanto mais seria possível? Como estes caras organizam suas delações. Aonde anotam datas, nomes, condinomes, valores. E pior, se o fazem já fazem pensando em delatar? Guardam uma prova do seu crime como o amante não resiste a ter uma recordação do seu pecado? E depois tudo se volta contra ele.

Palocci cumpriu o que havia prometido. Entregou Lula e Dilma na bandeja e ainda ouviu do Juiz que não seria necessário entrar em pormenores de assunto que não era o foco do processo neste segundo depoimento, o depoimento arrasa partido dos trabalhadores.

Pois agora foi a vez do Joesley Batista. Ele tinha mais gravações do que imaginava. Morreu pela boca. Ainda assim diz ter outras conversas gravadas. Quantos crimes mais a confessar? Quantos ministros e governos a envolver e incriminar?

De fato, vivemos um momento ímpar na história da República. Nunca antes tantos homens tão poderosos foram postos de cócoras. Geddel aquela fdp chorou que nem uma menininha contrariada por não poder ir à primeira festa com meninos. “Joesley nós não vai preso” chorou também. Achavam-se acima do bem e do mal. A verdade é esta, dinheiro em demasia e poder superlativo corrompem o caráter e distorcem a realidade.

Opa, a realidade do Brasil até outro dia era outra mesmo. Eles é que não viram que algo mudou. Ou será que o amanhã nos desmentirá e as prisões de hoje serão passageiras. O procurador da República Rodrigo Chemin tem uma compilação de arrepiar e fazer defunto se indignar: são inúmeros casos em que os tribunais invalidaram prisões ou condenações que ganharam as manchetes num primeiro momento. As velhas filigranas jurídicas e os advogados mais caros do país, podem por tudo a perder para quem torce pelo fim da impunidade.  Bem, aí é de chorar mesmo e mais uma vez quem sofrerá somos nós, os crédulos e impotentes cidadãos brasileiros.