Parabéns pra você que está lendo este texto. Não é fácil escrever e ser lido num país em que quem vende cinco mil livros é considerado um sucesso pelas editoras. E foi na manhã de domingo que pensei sobre isto. E, a seguir tento explicar o porquê desta reflexão.
Pois bem, se escrever não é fácil é exatamente porque o hábito da leitura se torna cada vez mais raro. A competição entre as plataformas de leitura está cada vez mais acirrada. Já faz algum tempo que existem outras distrações: tv, filhos, trabalho que se leva pra casa ou o passeio matinal com o cachorrinho. Finalmente, as redes sociais.
Meu hábito de muitos anos era nas manhã de sábado e domingo pegar os dois principais jornais do estado e esquadrinha-los, caderno por caderno, página por página. Artigo por artigo. Veríssimo e Juremir, que não se suportam, na minha lista de prioridades vivem lado a lado. Tavares e Puggina; Rolim e Mendelski. Gosto da antítese, do diametralmente oposto e encontro pontos de convergência com a lógica nos dois lados. Mário Corso e Martha Medeiros. Leituras favoritas e indispensáveis, até não muito.
Aí os jornais de sábado e domingo viraram edição única. Já não os leio na manhã de sábado e no domingo às vezes me escapam. E quando estou no meio da leitura da Laitano ou do Coimbra eis que o celular treme ao meu lado e, como no antigo trim-trim do telefone análgico, não resisto à curiosidade. Só mais uma bobagem da turma do bar, ou como nos designamos, Curva do Rio (lá o entulho se junta), ou então do pessoal do Sem Nome ou ainda uma reminiscência da turma da saudosa rua Caxambú onde passei a infância.
Já se disse que as redes sociais fazem a gente interagir com quem está distante e nos afastam de quem está no mesmo recinto. Mas, como quero destacar, há mais perigos. Se já fica difícil a concentração em textos pequenos como artigos de jornal, o que dizer de livros?
O ideal é resistir, sem a necessidade de uma medida tão radical, como aquela indicada aos adictos/dependentes. Não dá pra cortar por completo as redes. Até porque o twitter nos mantém ligados ao mundo das notícias, o face nos dá uma visão global da sociedade – embora fiquemos sabendo de informações totalmente inúteis como o que o cara está jantando ou que ele teve insônia à noite. E o whatsapp é isso, manter amigos e turmas interagindo, nem que seja só pra disseminar piadas. O meio eletrônico, o mundo digital, tudo isto veio para ficar.
Mas também é bom poder tê-lo aqui no final desta pequena reflexão e dizer que foi um prazer estar aqui, antes de seguir com a leitura do meu jornal impresso em papel.