Opinião

Um déficit e uma conjuntura. É preciso persistir

Um déficit e uma conjuntura. É preciso persistir


Todas as vezes em que o noticiário sobre economia ganha as manchetes e ocupa pelo menos 30% dos noticiários de TV fico me perguntando como isto afeta a nossa vida e se, de fato,  precisamos ser inundados com estas informações, sempre ruins.

Veja agora com esta questão da elevação do déficit público de 139 para 159 bilhões. Uma das explicações é a redução da inflação, que é uma realidade positiva. Na prática a permissão para elevar o déficit é a licença para que o Governo capte mais recursos junto aos sistema bancário e isto, se não me engano, favorece a volta da inflação. Infernal círculo vicioso.

Voltando ao tema proposto: cada vez que más notícias acerca da economia são trazidas pela mídia, o efeito é o oposto ao da endorfina. Desencadeia-se um processo de desânimo, de baixa autoestima, de vontade de não sair de casa e de ir à luta para muitas pessoas. Somos contagiados por uma onda de desestímulo. Tem a ver com aquela máxima que diz que os ignorantes são mãos felizes…

O que emerge destas revelações de ontem, cujo porta voz principal é o Ministro Henrique Meirelles, é que o Governo vai precisar gastar menos porque arrecadou menos. Como na sua casa, como na empresa em que você trabalha. A dificuldade extra do governo é que ele tem dois obstáculos gigantescos: um Congresso insaciável por mais gastos e que tem o Governo na mão e em segundo lugar o corporativismo ferrenho das diferentes categorias de servidores públicos que, alinhados com deputados e senadores tornarão muito difícil a contenção de gastos.

E antes que alguns zelosos e eficientes servidores públicos joguema primeira pedra um dado: o salário médio do trabalhador no serviço público brasileiro e de R$ 3.291,00 contra  R$ 2.104,00 na iniciativa privada. Uma diferença inexplicável de mais de 50%.

Algumas das medidas anunciadas ontem deveriam ser recebidas com entusiasmo, não fosse o ceticismo sobre sua real aplicação: o teto do funcionalismo público de salários que não podem superar os R$ 33 mil ; auxílio moradia sendo pago por, no máximo quatro anos e tantos outros.

Enfim, do que é uma má notícia, podem surgir boas medidas que as pessoas de bom senso, e que o próprio o senso comum, não conseguem compreender como é que nunca haviam sido tomadas. Por fim cabe dizer que apesar do ceticismo, é preciso acreditar e persistir. Um dia esta maioria silenciosa se imporá à elite corrupta e gananciosa que corrói as estruturas do estado brasileiro.